PS e PSD vão aprovar ida de Marcelo ao Mundial do Qatar
18-11-2022 - 16:39

Em declarações à Renascença, os líderes parlamentares de PS e PSD apoiam a deslocação do Presidente da República ao Campeonato do Mundo, uma oportunidade que pode ser aproveitada para falar de direitos humanos.

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Os líderes parlamentares do PS e do PSD afirmam, em declarações à Renascença, que vão aprovar a viagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao Mundial do Qatar, apesar dos atropelos aos direitos humanos naquele país árabe.

No programa São Bento à Sexta, que vai ser transmitido a partir das 23h00, o socialista Eurico Brilhante Dias e o social-democrata Joaquim Miranda Sarmento dão luz verde à deslocação do chefe de Estado, que vai marcar presença no primeiro jogo de Portugal, no próximo dia 24.

O líder parlamentar da maioria socialista considera que a atribuição da organização do Mundial ao Qatar é “lamentável”, milhares de trabalhadores morreram na construção dos estádios, mas vai aprovar a deslocação do Presidente, como sempre fez no passado.

“O senhor Presidente entende que deve ir, tem bons fundamentos para ir: primeiro, porque foi sempre apoiar a seleção; segundo, Portugal é candidato à organização do Mundial de 2030: e não é a decisão do Presidente e dos outros órgãos de soberania que, infelizmente, muda os factos, bem pelo contrário”, afirma Eurico Brilhante Dias.

“O que pode mudar alguma coisa é a voz que tivermos e que usarmos para condenar um regime que maltrata as mulheres, os seus cidadãos, que não é uma democracia e, por isso, parece-me evidente que temos que agir, condenar e dar um sinal claro que não queremos pactuar com o regime e com estas escolhas da FIFA”, sublinha o líder do grupo parlamentar do PS.

Eurico Brilhantes Dias considera que “o pedido do senhor Presidente insere-se num quadro da sua vontade de ir. Aquele artigo da Constituição não está lá para que a Assembleia da República funcione como bloqueio ou caucionador da vontade do Presidente da República, porque não está em causa a Assembleia da República, como órgão de soberania, ser um caucionador das viagens”.

PSD nunca chumbou visitas presidenciais

Na mesma linha, Joaquim Miranda Sarmento afirma no São Bento à Sexta da Renascença que “o PSD tem a mesma posição que sempre teve relativamente a viagens do senhor Presidente da República, qualquer que seja o titular do cargo”.

“A Constituição obriga a que, sempre que o Presidente da República se queira ausentar do país, o Parlamento tem que aprovar essa ausência. Se o senhor Presidente da República fizer esse pedido ao Parlamento, o PSD votará favoravelmente como sempre votou em qualquer viagem ou ausência, deste e de todos os outros Presidentes”, esclarece Joaquim Miranda Sarmento.

O líder parlamentar social-democrata afirma que o PSD nunca votou contra “uma viagem de um qualquer Presidente da República, desde 1976”, e não é agora que isso vai acontecer.

Após o Portugal-Nigéria, de quinta-feira, no Estádio de Alvalade, o chefe de Estado disse que "o Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto". A declarou está a causar polémica.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apelou hoje ao Presidente da República para não ir ao Qatar, lembrando que "não se pode esquecer" as condições dos trabalhadores que montaram as estruturas do evento.

"Não podemos esquecer as condições dos trabalhadores", afirmou Catarina Martins quando questionada pelos jornalistas sobre as declarações proferidas na quinta-feira pelo chefe de Estado.

Outros partidos, como Iniciativa Liberal e PAN também se manifestaram contra a viagem de Marcelo Rebelo de Sousa.

No mesmo sentido, a Amnistia Internacional Portugal mostrou-se "estupefacta" com as declarações de Marcelo sobre os direitos humanos no Qatar, na véspera do Mundial2022 de futebol, pedindo-lhe que não vá assistir ao Portugal-Gana em 24 de novembro.