Trump já iniciou a sua campanha para ser designado candidato do partido republicano às eleições presidenciais de novembro de 2024. Ele tem que recuperar dos maus resultados dos candidatos que apoiou às eleições intercalares realizadas há quatro meses. Por isso refinou a sua retórica demagógica e populista, dirigida às bases do partido, onde encontra maior eco.
No passado sábado realizou-se uma reunião de republicanos radicais, na qual participou Bolsonaro, seguidor de Trump, bem como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que se gaba de ter criado uma “democracia iliberal”.
“Não somos uma nação livre, não temos uma imprensa livre, não temos nada livre”, afirmou Trump, certamente porque a justiça americana começou a investigar as suas iniciativas criminosas, como o assalto ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. E, claro, Trump queixou-se de uma imprensa que deixou de lhe dar o benefício da dúvida. Trump classificou a administração Biden como "a mais corrupta na história do país" e o presidente como "o maior criminoso, a quem nada acontece".
Noutro passo, declarou Trump: “Em 2016 eu disse: eu sou a vossa voz. Hoje acrescento: eu sou o vosso guerreiro, a vossa justiça (...) o vosso vingador”. A esta tirada populista seguiu-se a mais insólita afirmação de Trump. Referindo-se à guerra da Ucrânia, afirmou que poria termo a esse conflito “em menos de um dia”, ainda antes de começar o seu mandato de presidente.
Compreende-se – ele reconheceu que se dava muito bem com Putin; por isso seria fácil parar a guerra, deixando de apoiar a Ucrânia (não o disse claramente, mas foi pondo reservas ao dinheiro gasto pelos EUA no apoio à Ucrânia). Provavelmente, a Rússia seria recompensada, mantendo os territórios que conquistou aos ucranianos...
Na mesma ocasião discursou Bolsonaro, que segue em tudo o “método de Trump”, não reconhecendo a sua derrota eleitoral frente a Lula e mantendo a mentira sobre quem ganhou as eleições presidenciais americanas em 2020. O maior aplauso que Bolsonaro recebeu foi quando afirmou ser pró-armas (“um povo armado jamais será vencido”) e anti-vacinas.
Tudo isto nos parece grotesco. Mas não deve ser desvalorizado. Trump perdeu força, mas ainda surge nas sondagens como favorito a ser escolhido para candidato do partido republicano à próxima eleição presidencial americana.