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Em praticamente todo o mundo, a luta contra a propagação do novo coronavírus mantém-se intensa. Contudo, Macau apresenta-se como um dos locais livres de Covid-19, a avaliar pelos dados oficiais.
Foi dos primeiros territórios a identificar casos de infeção pelo novo coronavírus, mas agora o cenário é bem diferente: há mais de um ano - já se contam cerca de 380 dias - que não há qualquer registo de casos locais de infeção.
A estratégia passa por apertadas medidas de controlo das transmissões do vírus, conta à Renascença o porta-voz dos serviços de saúde de Macau, Vítor Moutinho.
“Todas as pessoas, à entrada, são colocadas em quarentena, desde que venham de países em que exista um risco elevado ou moderado de infeção. São colocadas em quarentena durante 21 dias e são realizados testes de ácido nucleico e são ainda feitos, pelo menos, dois testes serológicos”, indica.
Quarentena, máscaras e outras medidas desde o primeiro instante
Foi a 22 de janeiro do ano passado que as autoridades de saúde anunciaram o primeiro caso de infeção por Covid-19 no território. Segundo Vítor Moutinho, a celeridade das medidas e das restrições implementadas, tanto fronteiriças como dentro do território, foram determinantes para conter surtos.
“Desde essa altura que é verificada a temperatura, é feito um inquérito epidemiológico e cumpre-se um período de quarentena. Com estes procedimentos, foi criada uma bolha dentro do território de Macau, em que só entra no dia a dia da comunidade quem garantidamente não é portador vírus”, conta.
Em Macau, a regra passa por cumprir 21 dias de quarentena e não 14 dias, como acontece na generalidade dos países. O porta-voz dos serviços de saúde explica que a vantagem reside, sobretudo, em controlar as novas variantes.
“Macau e algumas regiões asiáticas têm tido ou tiveram casos, no início do ano, das chamadas variantes inglesa ou brasileira, que dão negativo nos testes de ácido nucleico – naqueles testes em que as pessoas colocam os cotonetes no nariz ou na garganta – até ao 17.º ou 18.º dia. Têm aparecido casos em que esse teste é positivo ao 19.º dia ou ao 20.º e até em dias subsequentes. Daí que as autoridades tenham definido que a quarentena é de 21 dias, mais sete dias de vigilância. Isto começou em janeiro deste ano, desde que surgiram as novas variantes. Daí que, garantidamente, não haja casos ocultos dentro da comunidade”, revela.
Uma medida tomada logo dias depois de ter sido detetado o primeiro caso de Covid-19, foi a venda racionada de máscaras, que se tornaram logo obrigatórias nos transportes públicos.
Além disso, o porta-voz dos serviços de saúde diz que Macau deu um exemplo forte à população, em fevereiro do ano passado, quando o Governo decidiu encerrar os casinos. Fechou-se a principal indústria do jogo do mundo e a principal fonte de receita no território e o impacto económico ainda persiste.
“Os casinos sofreram um abalo que, ainda hoje, apesar de estarem a recuperar ligeiramente, ainda se sente na cidade. Os turistas são poucos, a economia é de média escala. Houve um abalo. O desemprego aumentou. Antes da pandemia era difícil encontrar espaços para abrir alguma loja, hoje em dia o que mais há é lojas para alugar”, descreve.
Apesar do cenário, diz Vítor Moutinho, Macau vai procurando reerguer-se economicamente da pandemia.
Vacinação em curso
Quanto à vacinação contra a Covid-19, o porta-voz dos serviços de saúde macaenses garante à Renascença que há disponibilidade de vacinas para toda a população e fala num processo que está a decorrer dentro da normalidade e que começou com três fases específicas.
“A primeira fase foi para grupos prioritários, como pessoal médico, profissionais dos laboratórios, trabalhadores dos postos fronteiriços, trabalhadores da administração pública que tinham de efetuar atendimento na linha geral, bombeiros, polícia, e pessoal alfandegário. Numa segunda fase, abrimos aos indivíduos com elevado risco de exposição ocupacional, estamos a falar de trabalhadores na cadeia de frio e produtos alimentares frescos importados, porque há registo, aqui na Ásia, de produtos importados quer da Europa, quer dos EUA, quer do Brasil, que vinham contaminados com o vírus. Depois foram trabalhadores do transporte aéreo, da indústria do turismo e da indústria do jogo”, indica.
A terceira fase, diz ainda Vítor Moutinho, inclui grupos de pessoas que tinham necessidades urgentes de se deslocarem a países estrangeiros ou regiões endémicas.
Macau registou, até agora, 49 casos, dos quais 47 são importados. O último foi confirmado no final da semana passada. Há 379 dias que não reporta qualquer caso local de transmissão.