O videoárbitro é para continuar, mas tem de melhorar.
A opinião é de Luis Guilherme, antigo presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e da APAF, que em entrevista a Bola Branca diz que o caminho do sistema de videoárbitro é para se manter com algumas melhorias, desde que exista esse interesse.
"O VAR não vai voltar atrás, o que temos de fazer, se reconhecemos todos que é - e é -, uma ferramenta extremamente importante para ajudar a arbitragem na diminuição dos erros, o que nós temos de fazer é melhorar, não é voltar para trás", diz, antes de continuar.
"O caminho tem que ser por aí, não pode ser ao contrário, porque isso não adianta nada. As novas tecnologias permitem-nos fazer uma série de uma série de coisas. O que temos é que melhorar o que existe e é possível melhorar o que existe. Para isso é preciso que as pessoas queiram melhorar", afirma.
Divulgação de áudios e fim "do secretismo"
Uma das alterações que defende é acabar com a utilização de árbitros no ativo na função de VAR porque em causa está a classificação.
"Não faz qualquer sentido que os árbitros em atividade e que estão em classificação com os outros participem no mesmo jogo na função de VAR. Porque no subconsciente, que é natural num humano, pode deixar de ter as condições necessárias para um trabalho mais despreocupado", considera.
Luis Guilherme defende que as comunicações entre árbitro e videoárbitro deviam ser tornadas públicas: "É fundamental que a arbitragem se abra, que haja um processo de comunicação, que a arbitragem comunique. Continuo a não perceber porque o que o diálogo entre o árbitro e o VAR não seja domínio público, não seja transmitido de uma forma gradual, naturalmente a pouco e pouco".
"A arbitragem tem de começar a mostrar-se mais ao público em geral e, portanto, são um conjunto de fatores, que tem a ver com estrutura. Enquanto não mudarmos a estrutura da arbitragem, tal como ela está, vamos continuar sempre a discutir os casos dos jogos dos chamados clubes maiores", lamenta.
Nestas declarações a Bola Branca, Luis Guilherme critica o facto da arbitragem viver num mundo fechado e pouco claro: "Um dos grandes problemas da arbitragem portuguesa é o secretismo que continua a viver. Continuamos a viver num secretismo muito grande".
"Em 2003, 2004, pela primeira vez, pus árbitros a falar em conferência de imprensa, fui logo criticado na altura pelo seu Presidente da Federação, porque a FIFA não permite, mas é fundamental que a arbitragem fale, que a arbitragem explique as coisas. Enquanto a arbitragem não acabar com este secretismo, vamos continuar sempre a ser criticados e às vezes ser criticados de uma forma injusta, isto não vai a lado nenhum", conclui.