O Dicastério para a Comunicação da Santa Sé reagiu, em comunicado, às recentes acusações contra Bento XVI relativamente a casos de abusos sexuais na Arquidiocese de Munique, na Alemanha, realçando o papel do Papa na luta contra estes crimes.
Para o diretor editorial deste organismo, "é correto recordar a luta de Bento XVI contra a pedofilia clerical e a sua disponibilidade durante o pontificado em encontrar e ouvir as vítimas e pedir o seu perdão".
Andrea Tornielli sublinha que "o Papa Emérito, com a ajuda dos seus colaboradores, não fugiu às perguntas dos advogados encarregados pela Diocese de Munique de redigir um relatório que examina um período de tempo muito longo".
Este comunicado é publicado após a divulgação, a 20 de janeiro, de um relatório independente sobre abusos sexuais na arquidiocese católica de Munique e Frisinga, na Alemanha, que questiona a gestão destes casos pelo então Arcebispo Joseph Ratzinger.
Bento XVI respondeu com 82 páginas, depois de poder examinar parte da documentação dos arquivos diocesanos.
A nota agora divulgada pelo Dicastério para a Comunicação da Santa Sé recorda o trabalho desenvolvido pelo então cardeal Joseph Ratzinger, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na última fase do pontificado de São João Paulo II.
Já como Papa, depois de 2005, "promulgou normas e regulamentos extremamente duros contra os abusadores clericais, verdadeiras leis especiais para combater a pedofilia".
"Bento XVI testemunhou, com o seu exemplo concreto, a urgência da mudança de mentalidade tão importante para combater o fenómeno dos abusos: a escuta e a proximidade das vítimas às quais se deve sempre pedir perdão".
Tornielli lembra que foi o agora Papa Emérito o primeiro pontífice a encontrar-se com vítimas de abusos, durante as suas viagens apostólicas.
Cita até uma declaração de Bento XVI aos jornalistas, durante o voo que o trouxe a Portugal, em maio de 2010: "Os sofrimentos da Igreja vêm justamente de dentro da Igreja, do pecado que existe na Igreja. A maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos, mas nasce do pecado dentro da Igreja".
O responsável por este editorial afirma que estas palavras foram "precedidas e seguidas por atos concretos na luta contra o flagelo da pedofilia clerical". E, acrescenta, "tudo isso não pode ser esquecido nem apagado".