O jornalista Germano Almeida apresenta esta quarta-feira, no Grémio Literário, em Lisboa, o livro “A Guerra Incomportável”, uma análise a como Vladimir Putin mudou a segurança e condicionou o futuro europeu, com a invasão à Ucrânia.
À Renascença, o especialista em assuntos internacionais diz que o conflito não é uma guerra como outras.
“Esta é uma guerra diferente das outras. Foi a maior guerra em espaço europeu desde a Segunda Guerra Mundial”, diz, destacando que “pela primeira vez nas últimas oito décadas um país invade outro país, tenta invadir na Europa sem razão aparente e ignorando fronteiras, acordos e tratados”.
No entender do jornalista, “à força bruta” Putin, “tentou recuar um século no direito Internacional, porque achávamos que no espaço europeu o quadro normativo saído da Segunda Guerra Mundial nos garantia um espaço de segurança que afinal, perante esta passada russa, não estava assim tão garantido”.
Germano Almeida considera que a entrada da Finlândia demonstra que a invasão à Ucrânia teve efeitos indesejáveis para Vladimir Putin.
“Aquilo que Putin supostamente alegou para o seu crime na Ucrânia era que sentia que a Rússia estava a ser ameaçada pela expansão da NATO. O que é que Putin com invasão da Ucrânia mostrou? Mostrou que esses países tinham razão em se sentir ameaçados pela Rússia, porque se a Ucrânia pudesse ter feito o que Polónia, os países bálticos, a Roménia, e outros países fizeram nos últimos anos de entrar para a NATO, se a Ucrânia também tivesse conseguido, certamente que não teria sido vítima agora disso”, explica.
Mais de um ano depois do conflito, especialista não acredita que um caminho para a paz esteja à vista.
“Não há solução à vista, sobretudo uma solução aceitável, ou seja, quando alguns atores começam a falar de paz, a China, outros países também de menor dimensão, ou até alguns responsáveis mundiais, a verdade é que até agora ainda não vi uma proposta séria de paz, porque qualquer proposta séria de paz implica a exigência de retirada de tropas russas da Ucrânia”, argumenta.
“Só a partir daí é que se pode começar a falar de paz. Qualquer processo de paz que não passe por aí é mais uma vez, um premiar do agressor, é inaceitável, é uma paz miserável que premeia o agressor e admite a submissão do agredido”, conclui.