O X Encontro Mundial das Famílias arranca hoje, em Roma, com a presença do Papa. Dois mil delegados de 120 países reúnem-se durante cinco dias para refletir sobre os problemas e desafios que a realidade da família enfrenta. A Santa Sé também convida as famílias do mundo inteiro a ligarem-se via streaming para seguir os encontros transmitidos no YouTube e redes sociais do Vaticano.
Este encontro mundial é o culminar do Ano “Família Amoris Laetitia”, tão desejado pelo Papa Francisco, e arranca, na tarde desta quarta-feira, com o Festival “A beleza da família”.
Em clima de festa, com muita música e testemunhos, haverá também ligações em direto com algumas famílias fora de Roma, nomeadamente, com um grupo reunido numa paróquia de Kiev.
O Papa Francisco participa no encontro, onde vai ouvir algumas experiências de casais provenientes de contextos de vida muito diferentes.
Pietro e Erika, por exemplo, têm seis filhos e abriram as portas da sua casa a uma família ucraniana que fugiu da guerra; Paul e Germaine, casados há 27 anos com três filhos, ele é líder do grupo dos deputados católicos no parlamento de Kinshasa e pioneiro da música cristã no Congo. Entre outros testemunhos, também há uma viúva com três filhas, cujo marido foi morto em missão diplomática e um casal com três filhos que deseja casar pela Igreja.
Na quinta e sexta-feiras, os trabalhos incluem um conjunto de painéis e conferências e várias videoconferências. O Papa Francisco encontra de novo os participantes na missa que celebra sábado à tarde e na oração do Angelus de domingo.
A delegação portuguesa é formada por 15 pessoas, entre as quais dois bispos auxiliares (D. Joaquim Mendes, de Lisboa, e D. Armando Domingues, do Porto) e cinco casais de várias dioceses do país.
O casal-modelo para as famílias em todo o mundo
Maria e Luís Beltrame Quattrocchi são o primeiro casal a ser beatificado na história da Igreja e Francisco escolheu-os como patronos deste Encontro Mundial das Famílias.
Beatificados pelo João Paulo II, em 21 de outubro de 2001, por ocasião do 20.° aniversário da exortação apostólica “Familiaris Consortio”, o Santo Padre aponta-os como modelo para todas as famílias que, nestes dias, se reúnem em Roma.
Os Quatrocchi casaram em 1905 e tiveram quatro filhos: Filipe, Estefânia, César e Henriqueta (esta última nascida de uma gravidez de risco, em que a mãe se recusou a abortar). Os dois rapazes seguiram a vida do sacerdócio, Estefânia foi para religiosa e Henriqueta consagrou-se como leiga num instituto secular.
De missa e terço diários, o casal dedicou-se incessantemente ao voluntariado na Unitalsi (União Nacional italiana para o Transporte de Enfermos) junto dos santuários nacionais e internacionais. Ele carregava as macas dos doentes e ela, como enfermeira, assistia e acompanhava os doentes aos santuários de Lourdes e Loreto.
Luís e Maria Quatrocchi também prestaram assistência aos soldados e civis feridos durante as duas Guerras mundiais e salvaram mais de 150 vidas da perseguição nazi.
Membros da Ação Católica italiana, foram dos primeiros a dar cursos para noivos, como forma de preparação ao matrimónio. A sua vida matrimonial durou 50 anos. O testemunho destes esposos, disse São João Paulo II, foi "uma singular confirmação de que o caminho da santidade vivido juntos, como casal, é possível, maravilhoso, e extraordinariamente fecundo, fundamental para o bem da família, a Igreja e da sociedade".
O Encontro Mundial das Famílias também inclui testemunhos de quem conheceu pessoalmente este casal italiano.