As autoridades chinesas reforçaram a segurança nas ruas de Xangai e de Pequim após os protestos do fim de semana contra as novas restrições devido aos números de infetados com Covid-19.
O retrocesso contra as restrições é um revés para os esforços da China para erradicar o vírus, que está a infetar números recorde de pessoas e a suscitar preocupações sobre o custo económico dos confinamentos na segunda maior economia do mundo. Os protestos levaram os mercados globais baixar esta segunda-feira, pressionando os preços do petróleo e impulsionando o dólar, com as ações chinesas e o yuan a caírem abruptamente.
Os manifestantes fizeram uma demonstração de desobediência civil sem precedentes desde que o líder Xi Jinping assumiu o poder há uma década atrás para supervisionar a anulação da dissidência e o estabelecimento de um extenso sistema de vigilância social de alta tecnologia.
"Esperamos pôr fim ao confinamento", disse Shi, de 28 anos, numa vigília à luz de velas em Pequim, no final de domingo. "Queremos viver uma vida normal. Devemos todos expressar corajosamente os nossos sentimentos".
A polícia chinesa deteve ainda esta segunda-feira duas pessoas em Xangai. Um agente disse, à agência de notícias France-Presse (AFP), que uma das duas pessoas "não tinha obedecido a ordens" policiais, remetendo para as autoridades locais quaisquer pormenores sobre as detenções.
De acordo com um repórter da AFP, os agentes estavam também a retirar outras pessoas do local e a ordenar que apagassem imagens dos telemóveis.
China diz que repórter da BBC preso “não se identificou como jornalista”
As autoridades chinesas revelaram que o jornalista da BBC, detido no domingo, durante um protesto em Xangai, não se identificou como jornalista, após a cadeia televisiva britânica ter revelado que um dos seus colaboradores foi preso e "espancado" pela polícia.
"De acordo com aquilo que nos foi transmitido pelas autoridades competentes em Xangai, ele não se identificou como jornalista e não apresentou voluntariamente as suas credenciais de imprensa", disse Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, apelando à imprensa estrangeira que "respeite as leis e regulamentos chineses enquanto estiverem na China".
A televisão pública britânica, através de um porta-voz, mostrou-se "muito preocupada", no domingo, ao confirmar que o repórter de imagem Edward Lawrence "foi atacado" em Xangai, como demonstram imagens partilhadas nas redes sociais, nas quais se veem agentes da polícia a arrastarem o jornalista algemado pelo chão. O jornalista foi "espancado e pontapeado pela polícia", antes de ser detido, enquanto cobria um dos protestos em Xangai.
O Governo britânico classificou esta segunda-feira como "inaceitável" e "preocupante" a violência sofrida pelo jornalista da BBC.
"Seja qual for a situação, a liberdade de imprensa deve ser sacrossanta", declarou o ministro dos Negócios, Energia e Estratégia Industrial britânico, Grant Shapps, à rádio britânica LBC.