Kika Nazareth, uma das figuras da seleção nacional, considera que "a sociedade do futebol não tem noção" do feito que é o apuramento de Portugal para o Campeonato do Mundo da seleção nacional.
"Acho que, às vezes, a sociedade em torno do futebol não tem noção do que é a seleção chegar a um Mundial. No futebol masculino é banal e às vezes vejo alguns comentários que chegar ao Mundial deveria ser normal, mas é um marco, foi histórico", disse, na 2.ª Conferência Bola Branca.
No auditório da Renascença, a avançada de 20 anos do SL Benfica confessa estar ansiosa "que chegue o dia do Mundial". "É um dia que está constantemente na minha cabeça", admite, relembrando o caminho que foi feito pela seleção que representa. "Começamos do ano, mas agora chegou a nossa hora".
Sem rodeios, Kika Nazareth fala de um dos assuntos mais abordados: a diferença salarial. "Acho que é um ponto muito relativo. Se o futebol masculino gera muito mais dinheiro é normal que o dinheiro envolvido seja outro", defende. No dia a dia, admite, "as condições são as mesmas". "E eu já sou uma privilegiada, que apanhei o processo já bem encaminhado. Só o facto de estar aqui... talvez há três anos era impensável", diz.
Para Kika, muitas foram as mudanças que aconteceram na modalidade nos últimos anos. "Sou muito nova, mas lembro-me de, aos 13 anos, jogar no Casa Pia e ir para o treino com meias cor-de-rosa. Não havia tanta exigência, era o futebol de rua, em termos práticos", explica. "Os exercícios não eram tão pensados", acrescenta. Hoje em dia, o cenário é outro. "O treino é mais exigente, mais rígido", declara, explicando que agora também se faz "análise pós e pré-treino e jogo", por exemplo.
"Não esperava que fosse possível ser tão rápido no futebol feminino", admite. Para Kika, o caminho "está a andar para a frente e é bonito de se ver".