O PSD anunciou hoje que irá abster-se na votação da moção de censura ao Governo apresentada pelo partido Chega e que será debatida na Assembleia da República na quarta-feira.
Em comunicado, o PSD informa que a deliberação foi tomada "hoje pela Comissão Permanente Nacional do PSD e remetida à direção do Grupo Parlamentar do PSD".
"Informa-se que a bancada do PSD se irá abster na votação da moção de censura que será discutida esta quarta-feira", refere a nota à imprensa.
Na sexta-feira, o presidente do Chega, André Ventura, anunciou a apresentação de uma moção de censura ao Governo, uma iniciativa que está à partida chumbada uma vez que o PS dispõe da maioria absoluta dos deputados na Assembleia da República.
O presidente do Chega tinha hoje desafiado PSD e IL a votarem a favor da moção de censura ao Governo, considerando, no caso dos sociais-democratas, que só esse sentido de voto seria coerente com as palavras novo líder no Congresso.
Com o anúncio quer do PSD quer da IL de que optarão pela abstenção, o partido liderado por André Ventura deverá ficar isolado no voto favorável à censura ao Governo.
À hora de almoço, Ventura disse, que depois de ter ouvido o novo líder do PSD, Luís Montenegro, no Congresso do partido (que decorreu no fim de semana) ficou "com a convicção de que o PSD acompanhará a moção de censura do Chega".
"Sobretudo depois do que ouvimos no congresso do PSD, de críticas reiteradas, mas sobretudo das palavras de Luís Montenegro de que tinha de ser demitido o ministro das Infraestruturas", apontou.
No texto da moção de censura, o Chega justifica a iniciativa dizendo que o país está "perante um Governo sem estratégia" e que "os escassos meses do XXIII Governo Constitucional foram já prova bastante da sua falta de capacidade e organização".
Em concreto, o Chega identifica três situações que o executivo "se tem mostrado incapaz de resolver: caos na saúde; crise nos combustíveis; completa falta de articulação no seio do Governo e desautorização e fragilização extrema de alguns ministros".
E aponta que a situação em torno do novo aeroporto de Lisboa foi "a gota de água", considerando que "por bem menos do que esta absoluta confusão institucional, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, dissolveu a Assembleia da República na XIX legislatura".