​Patriarca de Lisboa alerta para jovens mal integrados que aderem ao jihadismo
28-09-2015 - 15:42

D. Manuel Clemente admite que o Papa possa vir a Fátima sem vir a Lisboa.

O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente mostra-se preocupado com os jovens que, na Europa, decidiram aderir ao jihadismo.

Esta segunda-feira, na Universidade Lusófona, onde participou num debate submetido ao tema “Banalização do Mal”, lembrou que muitos destes casos estão relacionados com famílias e jovens mal integrados.

“São jovens que já foram criados aqui, na nossa dita sociedade ocidental, muito mal integrados, com um multiculturalismo que tem muito que se lhe diga… contra, porque não integra no sentido intercultural, mas mantém separado no sentido de ‘cada um no seu gueto’, que muitas vezes é um auto gueto”, afirmou.

Há dois ou três portugueses, sobretudo raparigas, que militam no Estado Islâmico e que querem regressar a Portugal, revelou, em entrevista à Renascença, o ministro dos Negócios Estrangeiros. Segundo Rui Machete, estas as jovens fazem parte de um grupo de 12 a 15 portugueses que estão nas fileiras daquele movimento radical, consequência do que diz ser uma “crise de valores que hoje atravessamos e a falta de um ideal”.

Nesta ocasião, o Cardeal Patriarca de Lisboa falou sobre a eventual vinda do Papa a Portugal, em 2017. D. Manuel Clemente sublinhou que Francisco afirma sempre que “quer vir a Fátima”, admitindo, por isso, que Francisco possa repetir um estilo de visita já feito por um seu antecessor: “não sei se o terei em Lisboa, porque ele é capaz de fazer o que o seu antecessor Paulo VI fez há 50 anos, desembarcou em Monte Real, foi a Fátima, voltou a Monte Real e no mesmo dia regressou a Roma”.

O que atrai os jovens ocidentais ao Estado Islâmico?

Um especialista em ciência das religiões diz que os jovens, "perante os desalentos que a Europa lhes dá, optam por um modelo diferente". Paulo Mendes Pinto defende que a adesão de jovens ocidentais ao radicalismo do Estado Islâmico traduz o falhanço da educação europeia e está a atingir o ego da Europa.

"O que temos hoje no Iraque e na Síria é consequência da forma completamente inconsciente com que nas últimas duas dezenas de anos os governos europeus e americanos lidaram com aquela zona do globo. Apoiaram-se ditadores, retiram-se ditadores e a única coisa que fizemos foi lançar aquela zona no caos", sustentou.