O programa de celebração dos 18 anos da Casa da Música faz-se sob a égide do número 18. Os espetáculos são 18 e a programação desenrola-se entre bandas e artistas diversos, live acts, DJ sets, concertos de Agrupamentos Residentes e em associação, atividades educativas, instalações, visitas guiadas com acesso direto ao backstage. Alguns dos espetáculos são de entrada livre.
O primeiro dia dos festejos é uma homenagem. O maestro Leopold Hager, reconhecido pelo reportório vienense, escolheu o palco da Casa para se despedir dos palcos. O austríaco, de 87 anos, é bem conhecido do público da Casa da Música, foi o maestro convidado principal da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, entre 2015 e 2017. Conhecido defensor pioneiro da interpretação mozartiana, ocupou ao longo da carreira, vários cargos de diretor e maestro principal, em Sazburgo, no Luxemburgo e em Viena. O maestro já dirigiu as orquestras das principais casas de ópera do mundo e tem uma extensa discografia, onde se incluem todos os concertos para piano e árias de concerto de Mozart.
Ainda no primeiro dia das festividades, dá-se início a “Um elétrico chamado 18”, que se divide em duas partes. Dia 14, warm up de Atari 666, rock alternativo e indie dance, seguido de Tendency com eletrónica, depois ZenGxrl traz afrobeat e funk carioca, para terminar com o icónico produtor, compositor e DJ, Branko.
A segunda parte do “Elétrico” parte dia 15, com entrada livre, e jazz com Azar Azar do teclista e produtor Sérgio Alves e termina com o DJ set que cruza as raízes da música negra com a cultura de clube de Da Chick.
O Ciclo Música e Revolução acolhe o regresso dos Tangerine Dreams a 26 de abril. A banda alemã vem apresentar o seu mais recente trabalho de originais, Raum. O album é composto por sete temas que transportam, com ajuda da tecnologia, o génio do fundador, Edgar Froese, falecido em 2015. O público vai ter oportunidade de voltar a ouvir os clássicos “Phaedra”, “Rubycon” e “Stratosfear”. Os bilhetes para este espetáculo único custam 25 euros.
Como em abril se celebra também o mês da liberdade, a “Sinfonia da Liberdade” vai estar ao alcance de todos, numa primeira parte através do concerto do 17º curso de formação de animadores musicais, projeto Reviver, em colaboração com a Câmara Municipal e Unidade de Saúde Local de Matosinhos e o Centro Comunitário de Vermoim/Sobreiro, com direção musical de Paul Griffiths e Pete Letanka. Uma sinfonia de criação coletiva.
Na segunda parte a Sinfonia nº5 de Beethoven, pela Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, foi escolhida para cenário sonoro para dar a conhecer o trabalho de inclusão desenvolvido pela Casa da Música com as comunidades.
O aniversário é da Casa da Música, mas o público é que vai poder levar um presente para casa, é o “Assalto ao Armazém”. Os interessados vão poder aceder ao material de arquivo e talvez quem sabe “até encontrar aquele poster de um espetáculo que viu na Casa da Música” e sempre quis ter. Parte da história gráfica em forma de mupis, postais, livros, etc vai estar disponível. Esta iniciativa vai acontecer a partir de agosto.
Também os nascidos em 2005, ou seja, partilham os 18 anos com a Casa da Música, têm direito a prenda. Toda a programação de aniversário vai disponibilizar 50 bilhetes de oferta para cada concerto.
Um safari fotográfico, uma playlist criada pelo público e visitas guiadas completam o programa de aniversário.
Manter a rebeldia apesar da “emancipação”
Acompanhado de Carla Castro Chousal, administradora-delegada e de António Jorge Pacheco, diretor artístico, Rui Amorim de Sousa, presidente do Conselho de Administração falou na importância de manter a rebeldia apesar da “emancipação”.
“Isso é que faz a Casa da Música estar nesta área de maturidade, teve os seus momentos de arrojo, isso também faz parte, próprios do crescimento. Mas não será por ter agora a idade madura que vai deixar de ter rasgos e arriscar projetos mais experimentais, mais desafiantes, novas formas de encarar a atividade musical, essa curiosidade sempre pelo que pode vir a ser o futuro e construir o futuro hoje”
O projeto artístico da Casa da Música já realizou mais de 5000 concertos e 18.000 atividades educativas, em concertos já recebeu mais de 3.500 espetadores e 300.000 no serviço educativo, além de 200.000 participantes, com o envolvimento de escolas e grupos comunitários.
Também no que toca à criação, a Casa da Música se mantém muito ativa, com 260 encomendas de novas obras musicais, 146 obras de compositores portugueses, e residência ou associação de 32 artistas e compositores, 16 jovens compositores portugueses.
“Cá estamos, fortes, robustos, para levar a cabo a missão da Casa da Música” começou por dizer o presidente da administração, mas reforçou que a sustentabilidade só é permitida através de um equilíbrio entre receitas e despesas.
“Mais receitas permitem mais arrojo, menos receitas obrigam a mais racionalização.”, defende Rui Amorim de Sousa
O administrador considera que “o projeto de um valor reconhecido tem de ser transformado em garantia de apoio financeiro”, e por mais que a Casa da Música tenha autonomia e fontes de receita próprias, “é importante que as entidades privadas estejam próximas, e mais próximas em todos os sentidos, quer no apoio institucional quer no apoio financeiro”, porque só dessa forma a instituição poderá continuar a somar aos “3.5 milhões de espetadores que já passaram pela Casa”
Vários períodos de dificuldades, desde a Troika e a pandemia, até ao aumento da inflação que vivemos agora, dificultam a sobrevivência das instituições que vivem da cultura. Para ultrapassar os desafios que têm permeado a história da Casa da Música, o presidente da administração promete continuar a apostar nos artistas portugueses, nos jovens talentos, na internacionalização e na digitalização.
A celebração dos 18 anos da Casa da Música decorre de 14 a 29 de abril.