Católica antevê crescimento da economia "mais expressivo" dos últimos 10 anos
12-04-2017 - 15:19

Especialistas estimam que a economia tenha crescido no primeiro trimestre 0,9% face ao anterior e 2,7% em termos homólogos.

A Universidade Católica estima que a economia tenha crescido no primeiro trimestre 0,9% face ao anterior e 2,7% em termos homólogos, o que, a confirmar-se, será "o crescimento homólogo mais expressivo desde o quarto trimestre de 2007".

Segundo a folha trimestral de conjuntura do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), divulgada esta quarta-feira, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter "registado um crescimento de 0,9% face ao trimestre anterior (0,7% no 4.º trimestre de 2016) e uma variação homóloga de 2,7% (2,0% no trimestre anterior)".

Este crescimento trimestral "reflecte aquela que parece ser a melhoria da situação económica, nomeadamente, em termos de recuperação do investimento e do rendimento disponível, que cresceu 2,8% no ano passado em termos reais. Caso se materialize a estimativa ora avançada pelo NECEP, tratar-se-á do crescimento homólogo mais expressivo desde o 4.º trimestre de 2007", lê-se no documento.

Para este ano, o NECEP projecta um crescimento do PIB de 2,4%, um valor que constitui uma revisão em alta de 0,7 pontos percentuais (p.p.) face à estimativa de Janeiro, "como resultado do bom desempenho da economia portuguesa no 2.º semestre de 2016".

Contudo, alertam, "esta projecção tem subjacentes os efeitos desfasados da política orçamental de 2016 e o desempenho fraco da economia no primeiro semestre desse ano que favorece, através do efeito de base, o crescimento em 2017".

Partindo da nova informação sobre as finanças públicas de 2016, disponibilizada no âmbito do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE), a análise da Católica indicou que o défice este ano deverá ser equivalente a cerca de 2,4% do PIB, na "ausência de medidas de gestão adicionais por parte do Governo" e claramente acima do "ambicioso objectivo orçamental de 1,6%".

"Acresce que este ano trará operações extraordinárias no sector financeiro que aumentarão a dívida pública mesmo que não venham a ter impacto contabilístico no défice corrente das Administrações Públicas", segundo o NECEP.

Nesta análise, é notado que Portugal parece estar a atravessar uma fase de recuperação cíclica, desde o início de 2013, mas de "menor fulgor face a recuperações no passado", nomeadamente em termos de investimento, que cresceu 5,3% no 4.º trimestre de 2016, em cadeia, mas que ainda está cerca 25% abaixo dos níveis de 2010.

Assim, "será necessário observar uma série longa de crescimentos robustos para confiar na solidez da recuperação em curso".

Para 2018, a economia nacional deverá crescer 1,9%, numa revisão em alta de 0,5 p.p., após a "dissipação dos efeitos pontuais que beneficiam o corrente ano".

"Enorme incerteza"

Em relação a 2019, a previsão é de 1,6%, depois de uma revisão em alta de 0,2 p.p., na sequência de perspectivas mais favoráveis sobre o crescimento potencial da economia portuguesa e sobre a envolvente externa.

O NECEP notou, porém, que as projecções estão "rodeadas de uma enorme incerteza provocada" devido à "dimensão dos desequilíbrios financeiros do Estado, às necessidades de capital no sector financeiro" e pela "validação da recuperação do investimento que parece estar em curso".

"Na frente externa, a confirmação do início do processo do 'Brexit' (saída do Reino Unido da União Europeia depois de um referendo popular) tornou-se num risco geopolítico, financeiro e económico muito severo, a par da instabilidade oriunda da governação dos Estados Unidos", referiu o NECEP.
A Universidade acrescentou que as "condições do mercado financeiro internacional e a condução das políticas monetárias poderá contribuir para aumentar os custos anuais da dívida pública portuguesa a médio prazo".