Em tempo de pandemia, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior desafia as instituições de Ensino Superior a adotar “um novo posicionamento”, conjugando conhecimento com empreendedorismo.
Manuel Heitor falava em Évora, no auditório do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), numa sessão que serviu, entre outras matérias, para lançar o Portal do Emprego da Universidade de Évora (UÉ).
“Se a pandemia nos obrigou a exigir uma nova articulação entre a ciência fundamental e as empresas, exige-nos, cada vez mais, um novo posicionamento para formar mais e melhor e reduzir as taxas de abandono escolar, o que só se faz em estreita articulação com os empregadores”, referiu.
O ministro do Ensino Superior, que encerrou um debate em torno de parcerias e atividades com "spin-offs" e empresas da região, defendeu a necessidade de “uma universidade sem muros” aliada a “uma colaboração institucional”, como contributo para “um mundo melhor, com mais e melhor emprego, mais e melhor riqueza, articulando com metas e objetivos claros.”
Refletindo sobre a situação atual, Manuel Heitor considerou importante “tirar ilações” da pandemia, sobretudo do ultimo ano. Apontou o conhecimento como “desígnio” para enfrentar “a crise social e económica “, assim como a missão de trazer mais jovens para o Ensino Superior.
“Temos em curso um ano letivo sem precedentes no contexto português, onde houve a maior adesão de sempre da população portuguesa ao Ensino Superior”, adiantou.
O ministro também lembrou que “mais de metade dos jovens portugueses, de 20 anos, frequentam o Ensino Superior”, num processo que tem sido contínuo.
“Nunca tínhamos tido uma adesão tão grande ao Ensino Superior e, finalmente, atingimos também a meta a que nos tínhamos proposto, ou seja, ter mais de 40% da população, entre os 30 e os 34 anos, com um grau de ensino superior completo”, acrescentou.
Para o governante, esta é “uma ambição” para prosseguir: “Se este ano letivo, muitos jovens optaram por vir estudar, é preciso continuar, para que possamos nos próximos anos atingir pelo menos 60% dos jovens, com 20 anos de idade, a participar no Ensino Superior.”
Considerando que o “processo não é trivial”, para conseguir este objetivo, Manuel Heitor defende uma estratégia que “passa por penetrar nas franjas e nas margens mais vulneráveis da nossa sociedade, que está a envelhecer”, para “trazer mais jovens para o Ensino Superior.”
“O conhecimento cria emprego e cria emprego qualificado, por isso a missão e a corresponsabilidade de criar emprego é cada vez mais uma missão coletiva”, sublinhou. “Precisamos de uma universidade sem muros, onde se cria emprego, se faz investigação, mas também se cria valor e se colabora com instituições que tem as mais variadas tipologias”, aditou.
Portal de Emprego. O futuro profissional à distância de um clique
Na Universidade de Évora, as parcerias e atividades entre instituições, empresas ou centros de inovação e tecnologia já se concretizam no dia a dia.
É neste âmbito que surge o Portal de Emprego para estudantes e ex-estudantes, uma plataforma informática que quer promover a empregabilidade e que faz ainda mais sentido no âmbito da crise económica provocada pela pandemia da Covid-19.
“Mais uma vez, vai haver dificuldade em encontrar emprego pois estamos a atravessar uma crise e isto é importante para os estudantes, mas também para as empresas perceberem a mais-valia que são os nossos alunos”, destaca a reitora da UÉ.
Ana Costa Freitas não tem dúvidas de que a iniciativa “abre pontes para outras colaborações”, realçando a existência de “uma maior interação”, o que facilita aos “alunos a procura de uma colocação assim que saírem da universidade”.
O Portal de Emprego pode oferecer as primeiras oportunidades de inserção na vida profissional, assim como para as empresas que procuram perfis específicos e/ou diferenciados de formação.
Para agilizar todo este processo, a UÉ conta também com o importante contributo do seu Gabinete de Apoio à Inovação, Cooperação e Empreendedorismo. Através do GAITEC, os estudantes da academia alentejana podem ter acesso a um conjunto de ofertas de estágio e de oportunidades de emprego nas mais diversas áreas, em Portugal e no estrangeiro.
À Renascença, a reitora revelou também que o período de desconfinamento, “por enquanto, está a correr bem”, na Universidade de Évora, embora não esteja a ser fácil.
“Não, não é fácil, nem para os alunos nem para os professores. Não estamos com as aulas totalmente presenciais, e o desconfinamento tem sido gradual, tendo em conta que não temos condições de ter todos presencialmente, pois era preciso manter o distanciamento nas salas”, adianta.
Ana Costa Freitas confirma que ainda “há muitas aulas online”, o que “é complicado para os alunos”. Sobretudo para “os que são de fora, mais de 50% são de fora”, apesar de estar “tudo a correr o melhor possível.”