O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, está esta terça-feira em Belfast para "vender" o seu novo acordo com a União Europeia (UE) para facilitar o comércio pós-Brexit, um acordo que o Governo do Reino Unido espera que ponha fim ao impasse político na Irlanda do Norte.
Sunak quer assegurar o apoio de todas as forças políticas ao acordo que ontem alcançou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, incluindo do Partido Unionista Democrático (DUP), numa tentativa de reativar as relações com a UE e com os EUA na sequência da saída do Reino Unido do bloco europeu, sem enfurecer os conservadores do seu partido.
O acordo ontem fechado entre Londres e Bruxelas pretende amainar as tensões causadas pelo Protocolo da Irlanda do Norte, um complexo acordo comercial alcançado após o Brexit, em 2020, mas que o Reino Unido decidiu revogar no ano passado.
Para manter aberta a sensível fronteira entre a Irlanda, Estado-membro da UE, e a Irlanda do Norte, com soberania britânica, este último manteve-se no mercado único europeu para a circulação de bens, aumentando os receios, sobretudo entre as comunidades unionistas, de que iria lentamente divergir do restante Reino Unido.
Sunak diz que o novo Acordo de Windsor vai fortalecer a união britânica e anular regras que afetavam a circulação de todo o tipo de bens, dando aos legisladores mais margem para se manifestarem sobre as regras e regulações comunitárias que a Irlanda do Norte aceita da parte de Bruxelas.
O sucesso do acordo depende sobretudo do DUP e de este acabar com o boicote aos acordos de partilha de poder em vigor na Irlanda do Norte desde 1998, ano em que foram assinados os Acordos de Belfast, ou Acordos da Sexta-Feira Santa, que puseram fim a 30 anos de violência política e sectária na Irlanda do Norte.
Antes de partir para Belfast, Sunak disse que pretende explicar os detalhes do acordo às diferentes comunidades norte-irlandesas, adiantando que aceita que este é um processo que levará o seu tempo.
"Estou também muito ciente, não temos tido vergonha em dizê-lo, daquilo que o povo da Irlanda do Norte precisa e merece do seu Governo", declarou aos jornalistas.
Numa primeira reação ao acordo, Jeffrey Donaldson, líder do DUP, disse que uma primeira leitura sugere que a assembleia regional de Stormont terá poder para rejeitar regras da UE com as quais não concorda, o que dá algumas garantias quanto à questão da soberania da Irlanda do Norte.
Ainda assim, o partido deverá levar o seu tempo até se manifestar num sentido ou noutro, enquanto o European Research Group, que reúne legisladores conservadores pró-Brexit, vai continuar também a trabalhar com uma equipa de advogados para examinar os detalhes do acordo antes de dar o seu veredito.
Aos jornalistas, o porta-voz de Sunak disse que o Governo britânico não impôs prazos para obter respostas, mas que está satisfeito com o facto de Donaldson ter reconhecido a importância do "travão de Stormont" para resolver o "défice democrático" existente na província norte-irlandesa.
Questionado sobre se irá impor novas regras pós-Brexit caso o DUP não aprove o Acordo de Windsor, Sunak disse ontem à BBC que tudo se resume ao povo da Irlanda do Norte e não "a qualquer partido político".