Uma pedra no assunto: o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, rejeita que tenha existido qualquer recado deixado pelo Presidente da República, que esta quarta-feira manhã recebeu o Governo no Palácio de Belém para deixar os habituais cumprimentos de Natal.
Esta quarta-feira Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso público que fez, avisou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que a "solidariedade institucional não é suficiente" e pediu "previsibilidade" ao chefe do Governo.
Já esta tarde, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, foi questionado sobre estes recados da Presidência e adaptou a expressão utilizada nos últimos meses de Marcelo Rebelo de Sousa - que sobre a sua relação com António Costa disse: "Éramos felizes e não sabíamos".
"Temos não apenas solidariedade institucional, como cooperação estratégica. O senhor Presidente da República disse que sempre foi importante a solidariedade institucional e agora, porque os tempos são mais difíceis, existe e é importante a cooperação estratégica. Não foi exigir uma coisa que não existia, foi confirmar uma relação que existe. Parafraseando, com um pequeno ajustamento: é uma relação feliz e nós sabemos".
A ironia do ministro e pivot do Governo serviu para tentar secar as questões que surgem depois das interpretações feitas do discurso do chefe de Estado esta quarta-feira. Que surgem depois de o Presidente ter dito que o tempo em que conviveu com António Costa, antigo primeiro-ministro socialista e atual presidente do Conselho Europeu, tinham sido de "felicidade relativa".
Pouco antes, na conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro tinha garantido que existe "sintonia total" com o Presidente da República em relação às políticas para as pessoas em situação de sem-abrigo. No passado fim-de-semana o chefe de Estado tinha pressionado o Governo: "Estamos num buraco", lamentou, por não haver estratégia de combate a este problema em vigor.
A resposta foi rápida. Esta quarta-feira o Governo apresentou novas medidas.