Há empresas parceiras da Uber e da filial Uber Eats em Portugal com pagamentos em atraso “há semanas” - o que, por consequência, leva a que existam motoristas e estafetas, em plena pandemia, sem receber. Contactada pela Renascença, a empresa assumiu a existência de um problema nas remunerações e explicou que a falha está relacionada com uma diretiva da União Europeia.
“É uma situação que está a afetar um número muito reduzido de parceiros, mas reconhecemos que mesmo para um número reduzido é um problema relevante. Estamos a trabalhar com eles para conseguirmos recolher a documentação necessária e ultrapassar estes constrangimentos o mais rapidamente possível”, disse fonte oficial da Uber à Renascença.
A diretiva 1152 da União Europeia, publicada a 20 de junho de 2019, veio obrigar a Uber a verificar, mais uma vez, a identidade das empresas às quais faz pagamentos. Esta mudança legislativa levou a Uber a exigir novos documentos às empresas parceiras que não haviam sido pedidos aquando da ativação inicial de conta. Muitos, contudo, nunca responderam.
Segundo a Uber, entre maio e setembro, foram feitas várias chamadas e enviados múltiplos emails a alertar para a necessidade de atualizar registos. Além disso, foi também deixado um aviso de que os pagamentos poderiam ficar suspensos caso não submetessem os documentos requeridos.
Sindicato conhece “problemas”
A denúncia dos atrasos nos pagamentos da Uber chegou à Renascença via e-mail. O gestor de uma empresa parceira da Uber queixava-se que, sem prestar justificações, a plataforma “simplesmente deixou de pagar sem mais nem menos.”
Esta queixa foi confirmada por António Fernandes, do Sindicato Motoristas TVDE Portugal, em declarações à Renascença. “O que nós temos conhecimento é que realmente a alguns parceiros falta algum documento ou os documentos não foram devidamente validados, ou que eventualmente não tenham chegado na melhor qualidade à Uber”, disse, o que corrobora as respostas dadas pela plataforma.
De acordo com o sindicalista, todos os atrasos que tem conhecimento estão relacionados com empresas parceiras da Uber, “não diretamente com motoristas”. Em todo o caso, lembra, quando as empresas não recebem, os motoristas também não.
António Fernandes afirmou ainda que a Uber, das três plataformas a operar em Portugal, é provavelmente a mais “exigente”. “Ou as coisas chegam corretamente ou abortam tudo”, explicou.