Na Austrália, as grandes cadeias de supermercado já restringiram as compras a um pacote de rolos de papel higiénico por pessoa. No Japão, os rolos nas casas de banho públicas passaram a estar presos à parede. E em Hong Kong, um grupo de assaltantes armados roubou um número indefinido de pacotes de papel higiénico durante a entrega do produto a um supermercado.
Com o surto de coronavírus a alastrar por todo o mundo, o papel higiénico tornou-se o bem mais procurado no oriente, com as populações preocupadas que a epidemia conduza à escassez deste bem.
Enquanto outros bens de primeira necessidade e produtos de limpeza, incluindo desinfetantes, lenços de papel e comida básica como arroz e massas, continuam a ser os mais comprados desde o início do surto de Covid-19, é o papel higiénico que está a motivar corridas aos supermercados, lutas e chamadas para a polícia e inúmeras publicações irónicas nas redes sociais.
O pico de procura apanhou muitos vendedores e consumidores de surpresa, mas os psicólogos dizem que acumular determinados bens é uma reação humana natural em tempos de elevada ansiedade, pelo que o desejo de garantir que há suficiente papel higiénico em casa não é surpreendente.
"Quando estamos a comprar coisas, há produtos que são reconfortantes, quer seja comida, produtos de higiene ou neste caso papel higiénico", diz à Reuters Adam Ferrier, psicólogo sediado em Melbourne, na Austrália, e especializado em comportamento do consumidor.
"O volume de um pacote de papel higiénico faz parecer que se está a fazer uma compra grande e substancial, dá a sensação de que se está a fazer alguma coisa [face ao surto]. Responde à nossa necessidade de controlo. Ao comprar muitos pacotes de papel higiénico, ficamos com a sensação de que estamos a precaver-nos. Faz-nos sentir que temos a situação sob controlo."
Fotografias publicadas ao longo da última semana as redes sociais mostram dezenas de consumidores na Ásia e na Oceânia a encherem carrinhos de compras com pacotes de papel higiénico e prateleiras inteiras vazias face à corrida aos supermercados.
Na Austrália, a polícia teve de ser chamada várias vezes para resolver disputas em supermercados, um camião de transporte de mercadorias pegou fogo por causa de um falha mecânica e acabou a fazer manchetes e houve quem não perdesse a oportunidade de fazer piadas com a situação -- como foi o caso do jornal "NT News", com sede em Darwin, que deixou em branco oito páginas da sua edição impressa para, nas palavras da direção, "dar à nação aquilo que ela quer".
"Tem sido uma semana de loucos", confessa Simon Grifiths, cofundador da "Who Gives a Crap", uma empresa de cariz social que vende papel higiénico reciclado e que doa metade dos seus lucros anuais a organizações de caridade envolvidas em missões de saneamento. "Toda a gente tem estado vidrada no que está a acontecer."
Na terça-feira, a empresa registou um salto de 110% no seu voluma de vendas. No dia seguinte, teve de suspender as vendas em loja e a aceitação de novas subscrições.