A Associação que representa as vítimas de abusos sexuais por elementos da Igreja saiu satisfeita da reunião deste domingo com a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
No final da reunião que decorreu na Casa de Nossa Senhora do Carmo, no santuário de Fátima, Cristina Amaral, da Associação Coração Silenciado revelou que foi criado "um canal direto entre a Igreja e as vítimas".
Considerando que foi “uma reunião muito aberta, muito positiva e muito objetiva”, Cristina Amaral anunciou que “saímos daqui satisfeitos, com esperança”, pois “saiu daqui um canal aberto diretamente com as vítimas, não precisamos de passar por outras associações e vamos trabalhar em conjunto, que era aquilo que queríamos”.
Para a responsável, a Conferência Episcopal “foi muito aberta e muito positiva”.
Intenção era "dar um choque de realidade"
“A nossa intenção era dar um choque de realidade sobre o tema abusos, que é muito suavizado”, afirmou, acrescentando que relativamente às eventuais indemnizações às vítimas, vão tentar “encontrar uma via mais ou menos justa, porque nunca será justa, de o fazer”.
Segundo Cristina Amaral, a associação foi para a reunião “numa atitude construtiva e sempre na tentativa de reparar o passado” e, nesse sentido, sugeriu ideias à CEP sobre o “canal das denúncias” e sobre uma alegada “desumanização” do processo.
A Associação Coração Silenciado revelou ainda que a comunicação com a CEP vai prosseguir e manifestou-se a favor da constituição de uma entidade externa à Igreja para investigar os abusos, como sugeriu o Presidente da República.
Na reunião, participaram três elementos da Associação e, por parte da CEP, o presidente, D. José Ornelas, o bispo de Coimbra D. Virgílio Antunes e o secretário da Conferência Episcopal, padre Manuel Barbosa.
Bispos reafirmam compromisso de apoiar vítimas
Para a Cep, o encontro decorreu “em ambiente de acolhimento, escuta e diálogo”.
Em comunicado, os bispos reafirmaram o seu “compromisso de tudo fazer para acolher e apoiar as vítimas de abusos e contribuir para a reparação das suas vidas, evitando que tais situações se voltem a repetir no seio da Igreja”.
Este encontro, indicou a CEP, aconteceu “no seguimento do caminho que a Igreja em Portugal tem vindo a percorrer na proteção de menores e adultos vulneráveis”.
Há dois meses, a Associação Coração Silenciado tinha manifestado, em carta aberta aos bispos católicos portugueses, a sua "tristeza, desagrado e indignação" pela forma como têm "lidado com o tema dos abusos sexuais na Igreja que conduzem".