Foi o debate mais vivo da noite. Na SIC Notícias, Henrique Neto e Marcelo Rebelo de Sousa esgrimiram os respectivos passados para argumentarem sobre as suas capacidades para serem Presidente da República.
Henrique Neto começou logo ao ataque, lamentado que Marcelo não tenha usado os seus anos de popularidade televisiva para denunciar o que de errado se ia fazendo no país.
O antigo comentador puxou dos seus galões de ex-presidente do PSD para recordar ao então deputado socialista que, por sua iniciativa, foi alterada a lei dos partidos, começou o processo para a limitação dos mandatos autárquicos e foi criada uma comissão de inquérito parlamentar que questionou negócios de três grandes grupos económicos com o Estado. Comissão de que, aliás, Henrique Neto fez parte como deputado do PS.
O ex-deputado e empresário também desenrolou o seu passado de luta anti-fascista e até acusou Marcelo Rebelo de Sousa de escrever ao então Presidente do Conselho a pedir mais dureza contra oposicionistas como ele. Ao que o ex-presidente do PSD respondeu que até “tinha ficha na PIDE, era considerado subversivo” e a censura cortava-lhe artigos no “Expresso”.
“É conhecido por fabricar pactos políticos”, disse ainda Henrique Neto, acusando Marcelo de ter viabilizado três orçamentos do Estado dos governos de António Guterres a troco dos referendos à despenalização do aborto e da regionalização. “O que está a dizer é muito injusto para o eng. Guterres”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, num debate que foi quase só sobre o passado político e profissional de cada candidato.
De passado também discutiram Maria de Belém e Marisa Matias, na TVI 24, com a ex-ministra do PS a desfiar o seu percurso de “40 anos de serviço público”, mais tempo que a candidata do Bloco de Esquerda tem de idade. “A candidatura a Presidente da República não é um prémio de carreira”, afirmou Marisa Matias que questionou o regime de incompatibilidades que permitiu a Maria de Belém ser presidente da comissão parlamentar de Saúde e, ao mesmo tempo, ter um cargo num hospital privado.
As duas candidatas também discutiram sobre o papel das Forças Armadas, com Marisa Matias a recusar o envio de tropas portuguesas para cenários de guerra e a defender que o que “é fundamental” é cortar os fundos para o terrorismo, como os que resultam do comércio de petróleo. “Não há hipocrisia maior do que dizer que a única solução para a guerra é fazer mais guerra”, afirmou a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda.
Maria de Belém também questionou o comércio de petróleo e de armas com grupos terroristas e defendeu a participação das Forças Armadas portugueses em missões de paz.
No primeiro debate da noite, na RTP, Paulo Morais e Edgar Silva trocaram argumentos sobre o combate à corrupção. “Foi a corrupção que nos trouxe à crise”, afirmou Paulo Morais para quem o Orçamento do Estado é o instrumento maior de corrupção.
Edgar Silva, por seu lado, quis salientar a diferença entre o PCP e os outros partidos no combate à corrupção e acusou PSD, CDS e até PS de colocarem obstáculos a um fortalecimento desse combate. O candidato comunista defendeu um novo quadro do financiamento de partidos e campanhas com a proibição total de dinheiro de empresas e de privados.