A antiga gestora da TAP Alexandra Reis admitiu esta quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito que, na sequência do email que enviou ao então ministro das Infraestruturas, do qual nunca teve resposta, que se Pedro Nuno Santos lhe tivesse pedido para renunciar sem indemnização ela teria aceitado.
Questionada pelo deputado do PSD, Paulo Rios de Oliveira, Alexandra Reis respondeu de uma forma muito curta, de forma afirmativa.
“Se durante o mês de janeiro o senhor ministro das Infraestruturas a tivesse chamado ao gabinete dele para dizer que, por motivos vários fossem eles quais fossem, iria pedir-lhe que essa renúncia se concretizasse. A senhora teria saído sem contrapartidas?” perguntou o deputado social-democrata.
Alexandra Reis, que mais tarde foi secretária de Estado do Tesouro, respondeu apenas que “sim”.
A ex-gestora da TAP foi ainda questionada sobre o convite de Fernando Medina para a pasta no Governo. Garantiu que como conhecia muitas pessoas na Direção-Geral do Tesouro, deduziu que foi dessa forma que Fernando Medina chegou ao seu nome. Assegurou que nessa primeira reunião com o ministro das Finanças falaram sobre os projetos para a pasta do Tesouro, mas nunca sobre a TAP.
“Nessa conversa, não falamos sobre a TAP. Nós não revimos as 143 empresas públicas do setor empresarial do Estado. Nós falámos dos desafios que as empresas públicas têm. Não falámos especificamente sobre a TAP, nem sobre a minha saída da TAP, nem sobre as condições da minha saída da TAP”, referiu em resposta ao PSD.
Alexandra Reis está a ser ouvida no parlamento no dia seguinte à CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, que disse aos deputados que sentia uma forte pressão política na gestão da TAP. Questionada sobre esta declaração, Alexandra Reis diz que nunca sentiu qualquer pressão por parte do Governo.
“Confesso que não sentíamos enquanto comissão executiva e Conselho de Administração, um grande escrutínio público, uma empresa que tem sempre um nível de atenção muito grande pelos media, mas nunca senti a interferência política para tomar uma decisão por um negócio A ou B, a decisão de negócio a ou a decisão de negócio B não posso dizer de forma alguma que isso que o tenha sentido”, garantiu Alexandra Reis.
Alexandra Reis saiu da TAP em fevereiro de 2022, e recebeu uma indemnização de 500 mil euros. Uma verba que a antiga gestora da TAP já quis devolver, mas aguarda ainda uma resposta por parte da TAP para saber qual o valor certo para devolver.