Toni Kroos posicionou-se contra a Superliga Europeia, a nova competição fechada de que o Real Madrid, clube em que joga, é fundador.
Num "podcast" que partilha com o irmão, Felix, o internacional alemão salientou, contudo, que os jogadores não têm margem de manobra.
"Não são os jogadores que decidem. E não, não participaríamos se tivéssemos essa escolha", salientou o médio do Real Madrid.
Ainda assim, Toni Kroos, que se assume "um grande fã de não mexer no que está direito", fez questão de tecer críticas à UEFA e à FIFA, frisando que "a brecha entre clubes grandes e pequenos está a aumentar".
"Somos fantoches da FIFA e da UEFA. Se houvesse um sindicato de jogadores, não estaríamos a jogar uma Liga das Nações ou uma Supertaça de Espanha na Arábia Saudita. Estas competições servem para aglutinar o dinheiro", atirou o médio do Real Madrid, de 31 anos.
UEFA e FIFA tentam travar Superliga com ameaças
AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham e Real Madrid são os clubes fundadores e, a partir da sua criação, reguladores da competição, inédita na modalidade.
Os 12 clubes referidos pretendem acrescentar outros três ao lote de lugares cativos na competição. O FC Porto recebeu contactos informais para integrar a Superliga Europeia, mas o presidente do clube português, Pinto da Costa, esclareceu que rejeitou o convite, por considerar que a nova competição viola as normas da UEFA e da União Europeia.
O objetivo dos 12 clubes fundadores é começar o mais rapidamente possível, com um total de 20 emblemas — 15 cativos e cinco rotativos.
A UEFA comunicou, no domingo, em conjunto com as Federações inglesa (FA), espanhola (RFEF) e italiana (FIGC), e com as Ligas espanhola e italiana, que os clubes envolvidos na Superliga Europeia serão banidos de todas as competições nacionais e internacionais.
"Conforme previamente anunciado pela FIFA e pelas seis Confederações, os clubes em causa serão banidos de disputar qualquer outra competição a nível doméstico, europeu e mundial", ameaçou a UEFA.
UEFA e FIFA também confirmaram que os jogadores das equipas que disputem a Superliga serão banidos dos Europeus e Mundiais e proibidos de representar as suas seleções. Portugal tem um total de 11 jogadores nesta situação: João Félix (Atlético de Madrid), Francisco Trincão (Barcelona), Diogo Dalot e Rafael Leão (AC Milan), Cristiano Ronaldo (Juventus), João Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva (Manchester City), Bruno Fernandes (Manchester United), Diogo Jota (Liverpool) e Cédric Soares (Arsenal) são os jogadores que integram os 12 clubes fundadores. Só Leão e Dalot não somam internacionalizações pela seleção AA.
A UEFA está, ainda, a estudar uma forma de excluir, com efeito imediato, os clubes fundadores da Superliga das competições europeias. Chelsea, Manchester City e Real Madrid estão nas meias-finais da Champions. Arsenal e Manchester United são semifinalistas da Liga Europa.
Esta terça-feira, o presidente da FIFA ameaçou a exclusão dos clubes que decidam participar na Superliga Europeia. "Se alguém quer seguir o seu caminho, então terá de arcar com as consequências. Serão responsáveis pelas suas escolhas. Mas, ou estão dentro ou estão fora. Não podemos estar metade dentro e metade fora", sublinhou Gianni Infantino.
Formato da Superliga Europeia:
- Participação de 20 clubes, os 15 Clubes Fundadores e outras cinco equipas adicionais que se classificarão anualmente à base do rendimento na temporada anterior;
- Jogos a meio da semana. Todos os clubes continuarão a competir nas respetivas ligas nacionais, "preservando assim o calendário tradicional que está no centro da vida dos clubes";
- Arranque em agosto, com os clubes a participarem em dois grupos de dez, a duas voltas:
- Os três primeiros classificados de cada grupo qualificam-se automaticamente para os quartos de final;
- Os quartos e quintos classificados disputarão um "play-off" a duas mãos de apuramento para os "quartos".
- Formato de eliminatórias a duas mãos até à final, que se realizará no final de maio, a um só jogo, em campo neutro.