Rui Costa e a Vuelta: “Uma grande volta a sair do nosso país, como não estaria presente?”
15-08-2024 - 11:10
 • Pedro Castro Alves

O antigo campeão do mundo, de 37 anos, até ganhou uma etapa na Vuelta 2023 e está entusiasmado com este “sonho”. E deixa um apelo à federação portuguesa: aproveitem a onda de Paris.

À décima oitava grande Volta da carreira, Rui Costa cumpre o sonho de correr uma das maiores competições do mundo em Portugal.

É um momento histórico e há muito esperado para o ciclista de 37 anos. “É muito especial, são ‘N’ grandes voltas ao longo da minha carreira”, começa por dizer a Bola Branca, na véspera da prova começar. Que uma grande volta inicie no nosso país não foi indiferente a este antigo campeão do mundo, que até já ganhou uma etapa da Vuelta.

“Foi sempre o motivo de querer estar presente, de querer estar perto de toda a multidão que me costuma apoiar. Vai ser especial. Sem dúvida que sim”, garante.

A dois dias do contrarrelógio inicial entre Lisboa e Oeiras, o corredor da EF Education explica que não será fácil os portugueses mostrarem-se neste arranque.

“As etapas em Portugal são duras, não muito duras”, reflete. “Era mais certo que, se houvesse etapas com grau de dificuldade maior, fosse mais fácil para aparecerem. Devido à falta dessa dureza, acredito que estas etapas sejam mais traçadas para os sprinters. Se aparecer uma oportunidade, gostava de aproveitar e estar num dia bom para fazer um excelente resultado”, confessa.

Em pouco mais de dois meses, Rui Costa correu a Volta a Suíça, os campeonatos nacionais, a Volta a França, os Jogos Olímpicos e segue-se agora a Volta a Espanha. A vontade de estar em Portugal obrigou-o a apertar o calendário, mas o corpo já acusa o desgaste, assume à Renascença.

“Talvez seja mais fácil começar mais preso e ir desbloqueando ao longo das semanas. É importante entrar fresco para poder ir para mais e não para menos.”

No pelotão da Vuelta, Rui Costa conta com a companhia lusa de João Almeida da Emirates e Nelson Oliveira da Movistar. Rivalidade é algo que não existe fora da estrada e há muito que a partida de Lisboa é tema de conversa entre os portugueses.

“É uma relação boa e saudável, de amigos, é óbvio que quando falava da saída da Volta a Espanha o principal era estar presente, é um sonho. Uma grande volta a sair do nosso país, como não estaria presente? É um motivo de orgulho para todos nós.” Rui Costa parte para esta volta com a tarefa de apoiar o líder da equipa o equatoriano Richard Carapaz.

Com as medalhas olímpicas de Iuri Leitão e Rui Oliveira, em Paris, o ciclismo português está nas bocas do mundo. Por cá, idem. Rui Costa pede que se aproveite o momento.

“O ciclismo portugues tem tudo para crescer, tem sido um ano espectacular. Não foi só este ano, o ano anterior também. Às vezes, é preciso um clique como aconteceu em Paris para as entidades abrirem os olhos e trazerem mais verbas, que a federação não deixe isto ir abaixo e continue a lutar”, apela.

E conclui: “O ciclismo tem sempre muito para dar. Realmente, houve uns anos que estava em baixo, mas as coisas têm mudado. Está melhor do melhor que nunca.”

A Vuelta parte de Lisboa, no sábado, e terá três etapas em Portugal, com passagens em Oeiras, Cascais, Ourém, Lousã e Castelo Branco. A última grande Volta do ano termina em Madrid no dia 8 de setembro.