Luís Montenegro, novo primeiro-ministro, pede ao PS para "não bloquear o Governo" e afasta o Chega ao dizer que não vai aceitar o "discurso de ódio e radicalização".
Durante a apresentação do programa de governo, esta quinta-feira, no Parlamento, Montenegro promete diálogo, mas garante que não ficará refém da oposição.
Apesar de precisar de governar sem maioria, Luís Montenegro não se absteve de atirar forte ao PS quando abordou o tema da saúde.
"Aqueles que não resolveram tantas coisas em 3050 dias reclamam agora decisões em 60 dias, concluo que têm em grande conta a capacidade deste Governo", critica Montenegro em resposta à pressão dos socialistas.
Montenegro garante que vai dialogar com a oposição, mas falando implicitamente sobre os futuros Orçamentos do Estado - que ao contrário do programa de governo não têm aprovação garantida - desafia o PS a "não bloquear" o normal funcionamento do Governo.
Virando-se depois para a direita do hemiciclo, Montenegro atira ao Chega ao contrariar um dos seus maiores slogans: "Para nós não há portugueses do bem e portugueses do mal. Rejeitaremos sempre o discurso de ódio e a radicalização política", promete o novo primeiro-ministro.
A terminar, Montenegro apresenta-se com "plena disponibilidade" para dialogar com os partidos da oposição, e cita José Saramago: "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo".
Quem é arrogante?
Na resposta, Pedro Nuno Santos, líder do PS, afirmou que a legislatura "começa mal" e acusou Montenegro de "arrogância" pela forma como se dirigiu às bancadas da oposição. E o novo primeiro-ministro responde na mesma moeda.
Fazendo a distinção do seu governo para os executivos do PS
de António Costa, que – nas palavras de Montenegro tiveram sempre “
maioria
garantida
” através do BE e PCP – o novo primeiro-ministro devolve a acusação de
“
arrogância” a Pedro Nuno Santos pela pressão que tem feito para acelerar o
calendário.