Os Estados Unidos indicaram esta quinta-feira que não pretendem ver desperdiçados os esforços de combate a organizações 'jihadistas", incluindo o grupo Estado Islâmico (EI), por uma operação militar turca no norte da Síria.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Pentágono, general Pat Ryder, revelou o teor de uma conversa telefónica que ocorreu quarta-feira entre o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o seu homólogo turco, Hulusi Akar.
No decurso do contacto, Austin comunicou a Akar a sua "forte oposição" a uma possível operação militar na Síria, segundo um comunicado do Pentágono.
Ryder precisou que o titular da Defesa dos EUA quis expressar as suas condolências ao homólogo turco pelas mortes no atentado de novembro em Istambul, mas também abordar uma "potencial invasão terrestre no norte da Síria".
"O foco da atenção e na perspetiva dos EUA consiste em garantir que organizações terroristas como o EI não se reconstituam. Temos feito muitos progressos com esse objetivo, desde que o [EI] se organizou em massa em 2014, e não pretendemos que esse progresso se desperdice", sustentou.
Ryder acrescentou que essa foi a principal motivação do contacto telefónico e que ainda existe muito trabalho a completar nesta área.
Os EUA mantêm na Síria cerca de 900 soldados, que colaboram com os aliados locais da milícia curdo-síria Unidades de Proteção Popular (YPG), e que têm enfrentado o EI.
Ryder indicou que estas tropas permanecem concentradas na sua missão e que "farão o necessário para garantir que estão seguras", no caso de um eventual ataque turco.
Ancara responsabilizou as YPG e a guerrilha curdo-turca do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) pelo atentado de 13 de novembro em Istambul que provocou seis mortos, duas organizações consideradas terroristas por Ancara mas que negaram qualquer envolvimento no ataque.
O Governo turco respondeu ao atentado com bombardeamentos sobre posições curdas no Iraque e Síria, e renovou a advertência emitida desde há meses sobre uma nova operação militar terrestre em território sírio.
Na quarta-feira, o chefe da diplomacia turca, Mevlut Çavusoglu, insistiu que os Estados Unidos devem cessar o apoio às YPG.
A Turquia acusa desde há vários os EUA de fornecerem apoio a este grupo, que considera uma extensão do PKK na Síria, com esta última organização a ser ainda considerada "terrorista" por Washington e a União Europeia.