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“Um puro disparate”, é como Eduardo Marçal Grilo descreve a atitude do Governo de António Costa de ter proibido as escolas privadas de continuar com atividades letivas durante o período de suspensão das aulas por 15 dias.
Em entrevista à Renascença, o antigo ministro da Educação, no Governo de António Guterres, diz que jamais se deve impedir o direito de ensinar e de aprender.
“Julgo que proibir os colégios privados, ou qualquer escola pública, que queira estabelecer uma relação dos seus professores com os seus estudantes é um puro disparate. O Governo decidiu, e bem, suspender o ano letivo durante duas semanas. O que isso significa é que vai haver compensações deste período noutras fases do ano, designadamente nas férias do Carnaval, eventualmente nas férias da Páscoa, eventualmente no prolongamento do período que entra por junho, julho ou mesmo agosto. Mas aquilo que está a ser posto em causa é, na minha opinião, o direito constitucional que as pessoas têm para ensinar e aprender”, diz.
Marçal Grilo diz que as escolas deviam, por isso, poder “ter um contacto com os seus alunos” e aproveitar o tempo de paragem para “fazer aulas de recuperação, apoio e consolidação de conhecimentos”.
“Um Governo querer impedir que haja aumento de conhecimento das pessoas, dos miúdos, parece-me completamente descabido. Acho que é negativíssimo. Perderem-se oportunidades para que miúdos possam aprender e consolidar conhecimentos, que é o que percebi que algumas escolas querem fazer. Só me resta ficar um bocadinho perplexo”, acrescenta.
“O ensino à distância é uma coisa que não pode ser regulada desta maneira. Não se pode dizer ‘agora não podem ter contato com os vossos estudantes’. É uma perda grande para os estudantes.”
O ex-governante considera ainda que esta medida será apenas temporária e que eventualmente o Governo será obrigado a permitir o ensino à distância. “Estou convencido de que no final destes quinze dias o Governo vai certamente fazer uma avaliação de qual é a situação que se vive e vai certamente estudar e propor uma solução que permita que o ensino à distância possa ser feito, se isso for necessário.”
“Não vejo que um Governo, se quiser manter este confinamento, tenha outra alternativa que recorrer novamente à solução de março do ano passado”, conclui.