O advogado de Rui Pinto, o denunciante do caso Luanda Leaks, afirma à Renascença que tinha ficado combinado com o consórcio de jornalistas divulgar a fonte da informação quando as notícias viessem a público.
“O Rui Pinto tinha decidido que revelaria na data em que fosse divulgado. Isto é, o Rui Pinto entregou, em finais 2018, esse disco rígido para este consórcio de jornalistas trabalhar e o consórcio demorou cerca de um ano. A vontade do Rui Pinto era que se divulgasse que ela era o autor da entrega desses documentos à plataforma de proteção dos ‘whistleblowers’ em África”, explica Teixeira da Mota nesta segunda-feira.
Questionado se esta revelação não será uma forma de influenciar o andamento do julgamento, o advogado responde que tudo pode influenciar, mas a realidade não pode ser alterada.
“Eu não posso alterar a realidade. O consórcio internacional divulgou agora – podia ter divulgado na fase em que o processo estava no inquérito, podia ter divulgado antes. Como deve calcular, o Rui Pinto, num estabelecimento prisional, não tem qualquer contacto nem possibilidade de influenciar isso”, concluiu.
Quanto a outras revelações que possam vir a ser feitas, Teixeira da Mota garante que, no que respeita “a esta questão africana” já não deverá haver mais, “porque ele expressamente esclareceu que esta colaboração com a plataforma de jornalistas era exclusivamente para este disco rígido”.
Rui Pinto mantém, no entanto, “a sua colaboração histórica com o outro consórcio ligado ao Football Leaks”, adianta.
Os advogados de Rui Pinto assumiram, nesta segunda-feira, em comunicado, que o ‘hacker’ português esteve por detrás da denúncia do caso Luanda Leaks, que envolve a empresária angolana Isabel dos Santos.
Segundo a nota, Rui Pinto tentou assim ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas, que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, como podem ter prejudicado os interesses de Portugal.
“Rui Pinto esclarece que entregou este disco rígido, no cumprimento do que entende ser um dever de cidadania, e sem qualquer contrapartida, depois de tomar conhecimento das missões realizadas pela organização PPLAAF, permitindo que usassem os dados como entendessem”, referem os advogados do pirata informático.
Natural de Vila Nova de Gaia, Rui Pinto, de 30 anos, está preso preventivamente em Portugal desde março de 2019, a aguardar julgamento pelo envolvimento no caso Football Leaks, em que está acusado de 90 crimes.