Luís Montenegro não se pode "esconder num segundo partido". Foi assim que Pedro Nuno Santos reagiu à decisão do líder do PSD de enviar Nuno Melo, presidente do CDS/PP, aos debates televisivos com o PCP e o Livre. Horas mais tarde, Montenegro respondeu a todas as críticas: "Não tenho medo de debates com ninguém" e foram as televisões que "desistiram" do esquema combinado.
CDS, PSD e PPM formaram uma coligação, a Aliança Democrática, com a qual se candidatam às legislativas de 10 de março, mas apenas os social-democratas têm deputados eleitos. Este é o problema para o secretário-geral do PS: Montenegro não pode ser substituído por um partido "que não tem representação parlamentar". Pedro Nuno Santos falava esta quinta-feira ao chegar à conferência Fábrica 2030, organizada pelo jornal ECO, no Porto, a mesma onde Luís Montenegro participou ao final da tarde.
O socialista recusou, também ele, participar num debate. Neste caso, tratava-se de um frente a frente com Luís Montenegro nos debates organizados pelas rádios - Renascença, Observador, TSF e Antena 1 - sem esclarecer os motivos. Agora, questionado sobre o porquê dessa decisão, o socialista diz que não rejeita um décimo debate, mas "com uma condição": terá de estar ele contra os três líderes da AD, em simultâneo - Luís Montenegro, Nuno Melo e Gonçalo da Câmara Pereira (líder do PPM).
Sobre a troca de Montenegro por Melo, o líder socialista fundamenta o motivo de ser contra: os debates televisivos são entre os líderes partidários e, por isso, Montenegro não deve ser substituído por um partido "que não tem representação parlamentar".
"Acho que a decisão não parece equilibrada a ninguém, ninguém compreende que Luís Montenegro esteja a fugir a esses debates", concluiu o líder dos socialistas.
Montenegro rejeita mais polémicas
“Não vou estar a entrar em mais polémicas", disse aos jornalistas o líder do PSD. "Não tenho medo de nenhum debate com ninguém. Nós fomos convidados para 10 debates, aceitamos os 10 debates e o modelo de participação nos debates. Se houver alguma alteração temos de resolver”, afirmou Luís Montenegro, horas mais tarde, à margem da mesma conferência no Porto. Dentro da sala de conferências, questionado pelo diretor do Eco, jornal que organizou a conferência, Luís Montenegro esclareceu que estava “combinado um determinado esquema para poder cumprir todos os momentos de esclarecimento subjacentes à realização dos debates", mas parece-lhe que "as televisões desistiram da ideia que tinha sido combinado inicialmente”.
Na quarta-feira, depois de anunciada a intenção de trocar Montenegro por Melo, a RTP, a TVI e a SIC mostraram-se surpreendidas e garantem que o modelo proposto para os debates se mantém "nos exatos termos", rejeitando a troca sugerida. Depois das críticas terem começado a surgir, o diretor de campanha da AD defendeu que "a Aliança Democrática e o seu líder não têm medo de debater com ninguém". A declaração de Pedro Esteves foi enviada num comunicado à agência Lusa.
Segundo Pedro Esteves, o que ficou acertado "desde a primeira conversa com o representante dos canais de televisão" é que a coligação AD faz-se representar em todos os debates pelo presidente do PSD, com exceção daqueles que opõem a AD ao Livre e à CDU, onde a representação da coligação Aliança Democrática ficará a cargo do Presidente do CDS, à semelhança do que aconteceu em 2015".
Os debates em causa estão agendados para o próximo sábado (CDU) e para 17 de fevereiro (Livre).