Leopoldina Reis Simões é profissional na área da assessoria de imprensa e vai executar essas funções, como voluntária, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza entre 26 e 31 de Julho em Cracóvia, na Polónia.
Leopoldina vai integrar a equipa de Comunicação da JMJ, fazendo a ligação entre a organização e os jornalistas, mas também segue para a Polónia de mochila às costas e de espírito carregado de expectativas e de uma vontade enorme de celebrar a fé com jovens de todo o mundo.
Como está a viver estes dias que antecedem a Jornada Mundial da Juventude?
Com muita alegria e expectativa. É um momento único, porque tinha o sonho antigo de participar num evento destes, pensado à escala global, e nunca me tinha sido possível. Estou de malas aviadas. Vou para a Polónia no dia 17, porque somos chamados, nós, da Sénior Team de comunicação, a estar lá uns dias antes do evento, para percorrermos os lugares e programas e conhecermos as pessoas com quem vamos lidar, para, depois, fazer o melhor acolhimento possível aos jornalistas internacionais em Cracóvia.
Vai em missão de serviço?
Sim. A ideia primeira é confiar, acreditar em mim, nas pessoas e em Deus, e colocar-me ao serviço. Foi o que fiz, quando me predispus a fazer parte do grupo de voluntariado. Tenho colegas que estão lá desde Dezembro. Eu não podia, por motivos familiares e profissionais. Então, coloquei-me ao serviço. Fui convidada para fazer parte de uma equipa pequena, que pretende acolher os jornalistas dos media estrangeiros. A mim calha-me, como é óbvio, o idioma português, porque há muitos jornalistas inscritos do Brasil, Angola, Moçambique e Portugal.
Como é esse trabalho?
Não basta documentação. É preciso saber receber, saber encaminhar e saber dar resposta. O jornalista tem necessidades muito especificas e a ideia é poder ajudar ao máximo, para que eles consigam fazer os seus trabalhos.
Queremos receber como verdadeiros cristãos. Cristãos que sabem acolher porque comunicar a imagem e a mensagem do Evangelho é um pouco isto, é saber acolher, desde o acolhimento aos participantes, à forma como as celebrações e eventos culturais são idealizados e concretizados. E há também o acolhimento aos jornalistas. Estou com uma expectativa muito grande, que seja de alegria e de anúncio do Evangelho.
Que notícias chegam da Polónia?
Vão-me dando a conhecer a evolução do que vai sendo feito. Por exemplo, recentemente, houve um grande empenho na montagem dos dois palcos. Dão-me conta das estatísticas, para eu ir informando os jornalistas portugueses e brasileiros que me vão contactando...
As inscrições para a participação na JMJ já terminaram. Não há pedidos de última hora?
A pensar nos participantes que não se inscreveram no sistema oficial, mas que agora começaram a dizer que querem participar, a comissão organizadora local lançou um módulo de inscrição de última hora. Abriu no dia 1 de Julho e vai fechar a 23 de Julho, quase no dia de abertura. Vai permitir a inscrição para os actos centrais em Cracóvia. Permite inscrição individual e a grupos, até 150 pessoas.
Já é possível avançar o número de participantes?
No final de Junho, o número de pessoas que tinha confirmado a participação, o número de peregrinos que registaram e procederam ao pagamento da sua inscrição para participação, mais do que duplicou em relação ao que se previa. Havia uma estimativa da ordem de 160 mil inscritos e, no final de Junho, houve um salto para 360 mil, de mais de 180 países.
Mas vai estar mais gente com o Papa, em Cracóvia...
Sim, os números finais de participantes são sempre muito maiores, porque nestes grandes eventos, sobretudo com a presença do Papa, os números chegam a ser quatro vezes superiores ao número de peregrinos registados. São números em grande, que envolvem o trabalho de muita gente, de muitos voluntários. Por exemplo, na inscrição de jornalistas estamos na ordem de mais de cinco mil pedidos de acreditação. Também estão a ser preparados os espaços para os jornalistas, além das plataformas virtuais e todas as possibilidades para que não falte nada.
Embora ainda em Portugal, está já em contacto com muitos jornalistas. O que vão perguntando?
Um pedido que me fazem os jornalistas e também os peregrinos na Polónia é informações sobre a previsão do tempo. Posso dizer que o kit do peregrino está preparado com xaile e com capa para proteger do sol e da chuva. E o Instituto de Meteorologia e Gestão de Água da Polónia preparou um site para a previsão do tempo durante o período da Jornada Mundial da Juventude. Previsão a dois e a quatro dias.
O que sugere para superar a barreira da língua e da moeda de modo a facilitar a participação na JMJ?
Quando lá estive em Maio, dei-me conta da possibilidade de câmbio. Mas, para uma pequena compra - um gelado, um café ou uma simples refeição - estar sempre a pedir câmbio pode não ser o mais conveniente. Eu vou levar a moeda local para essas coisas. Mas, por exemplo, quando se chega ao aeroporto, ao pedirmos um transporte para irmos para a cidade, eles têm o sistema multibanco que aceita os nossos cartões.
Os peregrinos devem levar um pequeno rádio, com auscultadores, que servem como antena, para ouvirem as homilias, os discursos das cerimónias e dos encontros. Os idiomas oficiais são o polaco, inglês, francês, espanhol, italiano, ucraniano, alemão, russo e português.
Sei que já esteve com o Papa Francisco. Certamente, nesta jornada também vai estar…
Ai meu Deus! É uma alegria muito grande. Espero poder vê-lo, nem que seja lá de longe ou no ecrã gigante porque, em princípio, estarei ao serviço na sala de imprensa ou para aonde for chamada. Vou completamente disponível para servir onde for necessário.
De Portugal, seguirá um grande grupo…
Sim, vai estar um grande grupo. O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil tem trabalhado muito, isto é sabido. Nas dioceses também tem havido um grande empenhamento. Os números que tenho são os de Maio e, nessa altura, Portugal estava entre os países com o maior número de peregrinos. Estava em 9.º lugar.
Mesmo este grupo de trabalho em que me insiro, somos 12. E o acolhimento em português é feito pela primeira vez, por haver muitos peregrinos portugueses e, pois claro, atrás, esperam-se muitos jornalistas portugueses. Em termos de idioma português, a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro foi aquele sucesso estrondoso, o que fez com que agora muitos peregrinos e jornalistas do Brasil queiram estar na Polónia.
Se pensarmos assim, a uma grande escala, vamos ter a língua portuguesa em festa também ali, na Polónia.
Como está a Polónia a viver este grande evento?
Dou muito por mim a falar em Cracóvia, sabendo que há eventos e celebrações em Chestokova, uma visita do Papa a Auschwitz… Nas dioceses da Polónia, que, se não me engano são 44, elas, todas as dioceses, estão desde há três anos para cá a preparar-se para organizar, acolher peregrinos e para viver a Jornada Mundial da Juventude com encontros de carácter mensal, porque eles entenderam [a Igreja católica Polaca] que este evento é uma maneira, um pretexto, para reavivar os programas da pastoral juvenil e para criar estruturas pastorais por todo o país. O próprio governo Polaco, a outro nível, repensou este evento como um momento de investimento nas infraestruturas aeroportuárias e de transportes e de segurança.
Será um verdadeiro momento de oração, festa e de cultura. Ainda há dias visionei uns vídeos em que o próprio Presidente da República Polaca convida os jovens de todo o mundo. E eu achei muito bonito, até tomei nota, porque ele dizia que a Polónia é um país católico, mas que espera a presença de jovens católicos e não católicos. O Presidente dizia que esperava um festival de juventude, alegria e oração. Portanto, eu acho que vai ser isto tudo.
É tudo a uma escala muito grande, a partir de Cracóvia, mas, depois, a expandir-se para as dioceses da Polónia e, depois, se Deus quiser, esperamos no regresso este bom ambiente, a síntese do que lá se vai viver de festa, de alegria, de festivais, de música, de exposições, até de um torneio de futebol católico… A ideia é que tudo o que lá se vai viver seja trazido dentro da mochila, do kit do peregrino para a Europa, que precisa tanto e que está, neste tempo de mudança, a precisar deste ânimo e, depois, para o mundo inteiro.
É uma proposta para os jovens revolucionarem o mundo à luz do Evangelho?
É, é, é! Dando testemunho de alegria, de ser cristão, dando cabo das ideias pré-concebidas como "o cristão é o cinzentão". Tem que se viver a fé e dar testemunho em ambiente de alegria e de festa e ninguém melhor que os jovens para fazer isso. Acho que ali se vai viver uma explosão de alegria que vai contagiar o mundo.