"O tema deste ano, "Praticai o bem, fazei a justiça", é sustentado precisamente no contexto do Minnesota [nos Estados Unidos], que socialmente é marcado por muitas desigualdades e por muitos problemas, nomeadamente a questão racial", disse este sábado à Lusa o bispo Jorge Pina Cabral, presidente do COPIC.
O representante da Igreja Anglicana falava após a Celebração Ecuménica Nacional que decorreu hoje na Igreja Metodista do Mirante, no Porto, no âmbito da semana de oração que decorre dos dias 18 a 25 de janeiro, sob o lema "Aprendei a fazer o bem, Procurai a Justiça", com a colaboração da Comissão Ecuménica do Porto.
Os materiais da semana foram preparados pelo Conselho de Igrejas do Minnesota, nos Estados Unidos, com tónica na questão racial, assinalando Jorge Pina Cabral que "os cristãos também têm de estar unidos na luta contra aquilo que são aspetos e problemas que colocam em causa a dignidade humana".
"O caso do racismo, o caso da exploração, o caso, hoje, que nós vivemos aqui na Europa, a questão dos refugiados, o acolhimento aos imigrantes, nós temos que estar unidos no acolhimento àqueles que estão a sofrer na nossa própria sociedade", disse o responsável.
Durante a celebração que reuniu representantes de várias igrejas cristãs, foi recordado o assassinato de George Floyd, precisamente em Minneapolis, no Minnesota, bem como o historial de maus tratos às comunidades negras nos Estados Unidos.
Antes da cerimónia, o bispo católico da Guarda, Manuel Felício, responsável pelo diálogo ecuménico [entre as diferentes igrejas cristãs] na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), já tinha assinalado aos jornalistas a importância da questão racial.
"Estas situações de racismo e intolerância existem na sociedade americana como existem noutras sociedades. Entre nós existem também algumas intolerâncias, sobretudo a dificuldade em nós entrarmos em comunicação, comunicarmos e partilharmos preocupações, e sobretudo tolerarmos posições diferentes que existem na sociedade em geral", afirmou.
Um outro "grande sinal", nas palavras do presidente do COPIC Jorge Pina Cabral, foi a presença conjunta dos representantes das Igrejas Ortodoxas russa e ucraniana, algo que "não é fácil, porque cada um destes representantes vive a sua própria realidade, vive todo aquele drama de povos que estão em guerra".
"Mas eu diria que não são propriamente povos que estão em guerra. Porque são povos irmãos, são Igrejas irmãs, o problema está efetivamente no poder. No poder político e no poder religioso", considerou.
Para o bispo anglicano da Igreja Lusitana, os representantes russo e ucraniano "dão um sinal muito profundo de que é possível a paz, de que é possível a unidade, apesar do contexto sofrido que estão a viver".