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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz estar preocupado com a situação provocada pelos problemas em bancos nos Estados Unidos e na Suíça.
Ao contrário da tranquilidade transmitida, esta tarde, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, que falava da solidez das instituições financeira na Europa, o Presidente da República considera que não é possível ser insensível ao que se está a passar.
"Eu posso dizer é que me preocupa um pouco a situação económica que se vive, neste momento, não especificamente em Portugal, mas no mundo e com eco na Europa. Não podemos ser insensíveis ao que aconteceu a entidades bancárias norte americanas, não podemos ser insensíveis à sua repercussão em bancos no continente europeu e nas bolsas europeias. Isso preocupa-me", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, no Palácio Baldaya, em Benfica, à margem da inauguração de uma exposição evocativa do antigo líder da Guiné Bissau Amílcar Cabral"
Marcelo Rebelo de Sousa diz-se também preocupado com os sinais de agravamento da inflação nos Estados Unidos, que podem influenciar toda a recuperação das economias europeias.
"Preocupa-me a notícia que vem dos Estados Unidos da América, do aumento da inflação. E preocupa-me o facto de isso, provavelmente, provocar que da parte das entidades reguladora uma continuação de uma política de subida dos juros muito acentuada, não ligeira, muito acentuada. Tudo somado, pode - esperemos que não - dificultar a saída da crise e a recuperação das economias.
O Presidente da República refere ainda que, noutros tempos, se insistiu na solidez das decisões para responder às crises na banca que, depois, não se confirmaram e isto não facilita a recuperação económica e pode mesmo implicar a continuação das crises.
"Já vi, noutros tempos, garantir que as soluções encontradas para certas crises eram sólidas e, depois, não era tão fácil encontrar soluções sólidas. Não escondo que esta evolução nos Estados Unidos da América - a nível regional, porque se trata de um banco regional, mas no continente europeu em bancos que têm peso internacional - não facilita a tarefa dos governos, não facilita a tarefa da recuperação económica e pode significar a persistência dos fatores da crise", acrescenta.
Nos últimos dias, o setor bancário tem atravessado um período de turbulência, primeiro com o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), nos Estados Unidos, e depois com a forte queda em bolsa na quarta-feira do Credit Suisse.
O Credit Suisse anunciou hoje que irá receber um empréstimo até 50 mil milhões de francos suíços (50,7 mil milhões de euros) do banco central da Suíça.