A pandemia de Covid-19 pode ser uma oportunidade com vista a uma menor dependência de combustíveis fósseis e ao reforço da aposta nas energia renováveis, defende António Costa e Silva.
O autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 falava, este sábado, no Fórum Vencer o Futuro, da Juventude Socialista.
António Costa e Silva considera que a gestão da energia é chave para o futuro de Portugal e para o combate às alterações climáticas, e que a pandemia está a ser uma janela de oportunidade para apostar nas energias renováveis.
“Nós somos um dos países do mundo que apostou, e bem, nas energias renováveis. Estamos hoje a caminho de uma menor dependência dos combustíveis fósseis, mas quando olhamos para a matriz energética mundial ainda vemos que 80% repousa nos combustíveis fósseis. Temos um espaço de 10 a 12 anos, até 2030/2032, que é absolutamente decisivo para o futuro. E eu penso que a pandemia abriu uma janela de oportunidade muito grande. Na pandemia tivemos uma redução mundial impressionante dos combustíveis fósseis, mas curiosamente um aumento das energias renováveis.”
O mundo está a mudar e o gestor considera que, no futuro, a economia vai basear-se na eletricidade, mas também no hidrogénio.
“A grande descoberta que nós temos aqui e vai ser um desafio desde século é a armazenagem da eletricidade em grande escala. A única razão por que ainda temos esta dependência dos combustíveis fósseis, sobretudo do petróleo e do gás, é que podemos armazenar petróleo e gás e consumir quando é necessário”, afirma Costa e Silva.
O autor do plano encomendado pelo Governo para desenhar o futuro de Portugal não tem dúvidas que a tecnologia vai permitir guardar eletricidade em grande escala, através de baterias de fluxo, o que “implicar a eletrificação crescente de grandes segmentos da economia”.
“Eu penso que o país, aí, está bem posicionado em termos da sua transição energética, dos objetivos do Plano Nacional de Energia e Clima. Tem feito um esforço gritante e eu sou das pessoas que acredita que o hidrogénio pode ser parte desta solução. O futuro não é só a eletrificação da economia, pode ser a eletrificação em conjunto com o hidrogénio”, sublinha.
O presidente da comissão executiva da petrolífera Partex defende que Lisboa e Porto deve caminhar no sentido de se tornarem “cidades inteligentes”, para depois “contagiarem” outras cidades de média dimensão.
“O paradigma é apostarmos nas cidades inteligentes. É usar os sensores e os dados para otimizar e regular o tráfego de pessoas, dos veículos, da água, da energia, dos recursos, dos resíduos. É reduzir os custos e contexto e enveredar por aquilo que são as grandes tendências da economia mundial de hoje e que são, sobretudo, trazidas pelas novas gerações.”
António Costa e Silva diz que pertence a uma geração “em que o mantra das pessoas era ter um carro”, mas as gerações mais novas já pensam de outra maneira e apostam na “economia partilhada”, um modelo que “pode ser absolutamente vital nas cidades”.
“Com o uso de carros autónomos numa economia partilhada – as pessoas têm uma aplicação para aceder e utilizar aos transportes, mas não são proprietárias – podemos libertar nas cidades cerca de 70% a 80% dos automóveis que existem hoje”, perspetiva António Costa e Silva.