O deputado único do Chega, André Ventura, avisou hoje o PSD que se não aceitar dialogar sobre o projeto de revisão constitucional do partido, “todas as portas” se fecham em termos de negociações futuras.
“Se o PSD disser que não a isto [diálogo sobre o projeto de revisão constitucional do Chega], está a dizer que não ao Chega e a remeter-nos para outro universo que não o do diálogo. Isto não é uma ameaça, é apenas o constatar de que todas as portas se fecharam e todas as barreiras subiram”, precisou hoje André Ventura, durante a apresentação das linhas orientadoras do processo de revisão constitucional.
O deputado único do Chega disse ainda que, se o líder do PSD estiver disposto a “sentar-se à mesa” para negociar as propostas apresentadas no projeto de revisão da lei fundamental, que dará entrada no parlamento ainda esta semana, tal poderá servir para “uma base futura de conversação positiva quando os cenários se tornarem piores em termos de governabilidade”.
“O que não podemos ter é o PSD dizer não a tudo o que o Chega propõe e, quando o momento chegar, vir-nos bater à porta e dizer 'agora queremos conversar', porque nesse dia não vamos conversar. Nesse dia, o Chega continuará o seu caminho, independentemente da instabilidade que isso gere”, sublinhou.
Além do PSD, André Ventura salientou que também o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, e o líder do PS se “mostraram disponíveis e abertos” para discutir as propostas.
Questionado pelos jornalistas sobre a candidatura da ex-eurodeputada Ana Gomes à Presidência da República nas eleições de janeiro de 2021, André Ventura afirmou tratar-se de “um ato de coragem” e voltou a considerar “impossível” que a socialista chegue à segunda volta.
Quanto a ter definido hoje Ana Gomes como “a candidata cigana”, André Ventura disse que a antiga embaixadora “tem saído sistematicamente em defesa das comunidades subsídio-dependentes”.
Ana Gomes confirmou hoje à Lusa que vai ser candidata a Presidente da República e que a sua candidatura será publicamente apresentada na quinta-feira.
As associações que representam a comunidade cigana portuguesa repudiaram hoje as declarações "racistas" de André Ventura sobre a candidatura da diplomata Ana Gomes às presidenciais e defenderam mais cidadania contra as posições do partido Chega.
André Ventura, que foi reeleito no sábado presidente da Direção Nacional do Chega, como candidato único, com 99,1% dos votos, anunciou que vai começar "uma nova fase" do partido, o qual vaticina ir-se tornar a terceira força política portuguesa nas próximas eleições legislativas [2023, se a atual legislatura for cumprida].
O Chega vai eleger os restantes novos órgãos sociais na sua II Convenção Nacional, marcada para os dias 19 e 20, em Évora.