O economista João Duque, comentador no espaço d’As Três da Manhã, questiona “para onde é que vai tanto dinheiro” do Orçamento do Estado, numa altura em que se assiste a “uma degradação visível da qualidade do Serviço Público em áreas inúmeras: saúde e educação, habitação, etc., etc.”.
João Duque destaca “o volume deste orçamento”, assinalando tratar-se de “um recorde histórico”.
“São 124. 000 milhões de euros, que é o peso do orçamento e quanto vale tudo aquilo que são despesas e que este ano tem a particularidade de serem praticamente todas à custa de receitas ou de impostos e taxas, multas, emolumentos, etc., ou de alguma receita de capital”, realça.
O economista realça ainda que a proporção vem mais “de receitas correntes, portanto, do nosso bolso, do que aquilo que pode vir de receitas”, observando que “nós, portugueses, estamos a aumentar cada vez mais o peso e à custa do nosso bolso direto, não estamos a adiar para gerações futuras, mas estamos a suportar cada vez mais um volume absolutamente esmagador”.
“Neste momento, o peso do orçamento no PIB já vai em 45%, quando António Costa tomou posse, este peso era de 35%”, sinaliza.
A Saúde, por exemplo, vai ter mais cerca de 800 milhões de euros para gastar em 2024, mas o peso do setor no Orçamento do Estado tem vindo a reduzir-se nos últimos anos.
João Duque diz não estar surpreendido “porque temos supostamente uma nova equipa que vai fazer a gestão da saúde” e, portanto, “que com os mesmos recursos, ou um pouco mais, ter muitíssimo melhor qualidade de serviço, porque, se não, para que é que serve uma equipa de gestores à frente da saúde?”
Na visão do economista, o que é “suposto pedir à gestão é que olhe para as necessidades, para os recursos que tem e faça a melhor afetação e essa afetação que, até em teoria, devia ser um bocadinho melhor, porque, se não, se vamos fazer um crescimento da saúde que é diretamente proporcional ao dinheiro que a saúde recebe, não tem interesse nenhum uma equipa que, eu diria, até está a pesar mais no orçamento”.
“Melhor mandá-la embora e ficamos com um bocadinho mais de dinheiro para pagar a médicos. Eu estou à espera de mais gestão”, remata.