A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque disse hoje estar disponível para prestar esclarecimentos "em primeiro lugar" ao parlamento, a propósito da polémica à volta das transferências para paraísos fiscais.
Questionada pela agência Lusa, perante pedidos de explicações dos partidos de esquerda, a vice-presidente do PSD respondeu que está e estará "sempre disponível para prestar esclarecimentos" sobre a sua actuação "enquanto membro do Governo".
"O parlamento merece-me todo o respeito, mesmo se não o tem merecido por parte de todos os responsáveis, pelo que os esclarecimentos que me venham a ser solicitados serão prestados em primeiro lugar aos deputados, como de resto sempre fiz", refere, numa nota enviada à Lusa.
Hoje, a coordenadora do BE Catarina Martins disse estranhar o "silêncio ensurdecedor" da anterior ministra das Finanças sobre este caso, depois de o PS e o PCP também terem acusado o anterior executivo PSD/CDS-PP de ter responsabilidades políticas.
Transferências de dinheiro para paraísos fiscais concretizadas entre 2011 e 2014, durante a governação PSD/CDS-PP, sem controlo estatístico por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, como a lei obriga, levaram os partidos com assento parlamentar a solicitar audições urgentes do actual e do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade e Paulo Núncio, que acontecerão na quarta-feira.
O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio veio no sábado "publicamente reconhecer a responsabilidade política pela decisão da não publicação das estatísticas sobre as transferências realizadas para território 'offshore'" entre 2011 e 2014, mas salientou que o mais importante agora é saber se o erário público foi prejudicado com esta situação.
No entanto, PS, PCP e BE já consideraram esta declaração insuficiente, considerando que são necessárias mais explicações.
Maria Luís Albuquerque foi ministra das Finanças do Governo PSD/CDS entre 2013 e 2015, sucedendo no cargo a Vítor Gaspar.
O Ministério Público confirmou esta segunda-feira que está a recolher elementos sobre o caso dos 10 mil milhões de euros transferidos para “offshores” sem tratamento do Fisco.