O director-geral da Saúde garantiu, esta quinta-feira, que o risco de consumir produtos regionais transmontanos como as alheiras "é zero". Num almoço com os presidentes de câmara e agentes económicos ligados ao sector, Francisco George fez questão de degustar alheira de Mirandela.
Francisco George falava no Palácio dos Távoras, em Mirandela, onde se deslocou a convite dos presidentes de Câmara do distrito de Bragança, para esclarecer a polémica com os cinco casos de botulismo alimentar associados a alheiras de uma marca comercial e que está a causar impacto negativo nos produtos certificados regionais de Trás-os-Montes.
“Não é uma iniciativa de propaganda. Estou aqui para garantir, em termos de Saúde Pública, que o risco de consumir esses alimentos, no que respeita ao botulismo, é zero”, afirmou o director-geral da Saúde, acrescentando que o problema que desencadeou esta situação “foi controlado”.
“O problema que aconteceu naquela marca não existiu nas outras marcas”, garantiu Francisco George, alertando para o facto de não podemos “confundir um problema, que é grave e que foi identificado numa marca, com os produtos da região de outras marcas”.
Francisco George referiu ainda ter participado nesta iniciativa pública, com dados concretos sustentados nas análises feitas no laboratório do Instituto Ricardo Jorge e na colaboração dos serviços da ASAE neste processo.
O director-geral de Saúde referiu-se ao botulismo como “um dos venenos mais perigosos” que provoca, uma vez ingerido, “além de um quadro sintomático típico digestivo como náuseas, vómitos, diarreia e cólicas abdominais, sobretudo a paralisia de alguns músculos oculares, da face e da deglutição”.
Perdas de 70% no sector
O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, mostrou-se satisfeito com a deslocação do director-geral da Saúde a Mirandela na medida em que “veio esclarecer que não há risco no consumo dos produtos regionais”.
“Acho que é importante que haja aqui um encerrar desta questão”, afirmou, lembrando “as grandes perdas para a economia local, com muitas encomendas suspensas e reduções que rondaram os 70%”.
O autarca de Mirandela deu o exemplo de “uma fábrica que produzia 10 toneladas por dia” e que, “durante uma semana chegou a vender duas toneladas de alheira”, acrescentando que a polémica “parou as fábricas e a actividade” e afectou todo o sector que “assegura 600 postos de trabalho só em Mirandela”.
A polémica foi desencadeada a 26 de setembro, quando as autoridades confirmaram casos de botulismo alimentar ligados ao consumo de alheiras de uma empresa de Bragança, comercializadas com a marca “Origem Transmontana”. Os produtos foram retirados do mercado, mas a desconfiança instalou-se junto dos consumidores relativamente aos enchidos em geral desta região.
Os efeitos fizeram-se sentir de imediato no cancelamento de encomendas aos produtores de Alheira de Mirandela, um dos enchidos mais característico de Trás-os-Montes.