O novo primeiro-ministro francês, Francois Bayrou, vai reunir na segunda e terça-feira com os líderes dos grupos parlamentares dos partidos franceses. A ronda de encontros começa com Marine Le Pen, do partido de extrema-direita União Nacional, segundo disse o novo chefe de Governo numa entrevista ao jornal "La Tribune Dimanche".
Bayrou, cuja nomeação na sexta-feira fez dele a quarta pessoa a servir como primeiro-ministro da França em 2024, vai ser responsável por navegar uma proposta de orçamento para 2025 pelo parlamento dividido. Foi essa tarefa que acabou por derrubar Michel Barnier, antecessor de Bayrou, levando a cumprir apenas três meses de mandato - o mais curto da história recente da França.
Os encontros de Bayrou vão ter lugar pela ordem do tamanho dos grupos parlamentares. O União Nacional de Le Pen foi o partido a conseguir mais lugares nas eleições legislativas antecipadas marcadas por Emmanuel Macron em junho, mas não conseguiu uma maioria parlamentar graças à união dos partidos de esquerda na coligação Nova Frente Popular.
"O meu trabalho é construtor e, não conseguido isso, um homem de reparações", disse Bayrou ao jornal.
Michel Barnier procurou implementar aumentos de impostos para as empresas e pessoas mais ricas, procurando reduzir um défice que deve atingir os 6% do Produto Interno Bruto da França no final de 2024. Mas o ex-primeiro-ministro foi incapaz de encontrar uma maioria parlamentar de apoio ao orçamento - Le Pen disse que Barnier devia ter feito mais para atender às preocupações do União Nacional.
Depois de Barnier tentar aprovar o orçamento para 2025 numa votação sem maioria, os deputados da extrema-direita e da esquerda aprovaram uma moção de censura, provocando a demissão de Barnier.
No final de sexta-feira, a agência de notação Moody's anunciou uma inesperada redução da avaliação sobre a dívida pública francesa, baixando a nota de "AA3" para "AA2". A Moody's declarou ser improvável que o próximo governo seja capaz de reduzir "materialmente" o défice do país, e que as finanças públicas ficariam mais fracas nos próximos três anos face ao cenário base de outubro.