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Um sacerdote, missionário lazarista em Madagascar, escreveu uma carta aberta a Vladimir Putin a pedir o fim da guerra na Ucrânia.
“Ao meu irmão Vladimir Putin”, assim começa a missiva do padre Pedro Opeka, natural da Argentina e de família eslovena, indicado por cinco vezes ao Prémio Nobel da Paz.
O sacerdote escreve que “é hora de sair da lógica que divide o mundo em países poderosos e ricos contra países vulneráveis e pobres”.
“Somos todos cidadãos da nossa terra, todos iguais, todos irmãos e irmãs e todos responsáveis pela construção de um futuro melhor para todas as crianças do mundo que um dia nos substituirão para perpetuar a vida na terra. Devemos parar de acreditar que existem seres humanos mais dignos do que outros”, lê-se na carta publicada no site de notícias Ateleia.
Sem medo das palavras, o sacerdote questiona o Presidente russo lembrando que vivemos no século XXI, e as armas inventadas podem destruir a Terra.
“Como você, irmão Vladimir, pode brincar com fogo, equilibrando-se em um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento, gerando um caos total que pode acabar com toda a nossa civilização? Onde está a sabedoria dos heróis, poetas e escritores que defenderam os ideais de toda a humanidade contra a barbárie, a tirania e a ditadura?”, questiona o sacerdote.
O padre Pedro Opeka diz a Putin que “nunca é tarde demais para cair em si e se juntar a esses seres que procuram viver em justiça, fraternidade e paz”.
“Esta guerra que vocês começaram é um ato irresponsável, prejudicial à humanidade”, denuncia, alertando que “pela guerra nunca conseguiremos resolver os conflitos”.
“É sempre possível encontrar soluções pacíficas e justas. Para isso, é preciso respeito, assim como a ideia de que todos pertencemos a uma única Família Humana”, recorda o sacerdote, incentivando ao diálogo e a negociações diplomáticas.
“Que nós, irmão Vladimir, sejamos mais humanos, mais respeitosos, mais honestos e mais verdadeiros, vivendo na verdade. Porque só a verdade nos tornará livres e fraternos”, pede o missionário, assinalando que não podemos “aceitar hoje a dramática morte imposta aos soldados ucranianos ou russos”.
“Todos esses soldados têm famílias, têm irmãos e irmãs que os lamentarão se morrerem”, escreve o missionário, esclarecendo que a “diversidade é uma riqueza que torna a vida mais bela, no respeito, na partilha e na fraternidade”.
“Irmão Vladimir, volte ao berço da Família Humana e seja um irmão que constrói o Bem-Comum e a solidariedade para que todos os seres humanos das futuras gerações da Terra possam viver com dignidade e igualdade de direitos e deveres”, implora o sacerdote, recordando que “a guerra destrói, semeia o ódio e separa os povos por séculos”.
“O dinheiro gasto em armas sofisticadas a serviço da morte e do terror não seria mais útil a serviço das necessidades vitais daqueles deixados para trás pela humanidade construindo mais casas, escolas, hospitais e acesso à água para todos?”.
“Sempre acreditei que todo ser humano é meu irmão e minha irmã. Como posso convencê-lo, irmão Putin, a parar a guerra e parar o massacre de cidadãos inocentes?”, pergunta o padre lazarista.
“Por favor, irmão Vladimir, pare a guerra, desista da ditadura, das mentiras, das falsas aparências e da duplicidade. Sejamos verdadeiros, justos, unidos e livres juntos! Que Deus Criador ilumine todos os governantes da terra para que vivam em fraternidade, igualdade e liberdade, que são os ideais da dignidade humana e dos direitos humanos”, conclui o sacerdote.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia,
com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um
ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.
De acordo com o Vaticano News, o padre Pedro Opeka, missionário lazarista em Madagascar, tem travado várias batalhas contra a pobreza, dando esperança a quem vivia à margem da sociedade e oferecendo-lhe novas oportunidades de uma vida mais digna. Há quase 50 anos ajuda os mais pobres entre os pobres, os sem-teto e os últimos, permitindo-lhes levar uma vida independente, garantindo-lhes educação, trabalho e autonomia financeira.
O sacerdote que exerce seu ministério nos arredores de Antananarivo, Madagascar, criou em Akamasoa a "Cidade da Amizade”, dedicada aos excluídos e menos favorecidos e onde vivem 25 mil pessoas. Ao longos dos últimos 33 anos já ajudou mais de 500 mil pessoas.