O Presidente da República visitou, neste sábado, um cuidador informal de Lisboa. Mário Caxias cuida da esposa, mas está excluído dos projetos-piloto lançados pelo Governo no ano passado por residir fora dos 30 concelhos abrangidos.
A família não pode, por isso, aceder aos apoios previstos, como o subsídio e o direito ao descanso do cuidador.
Marcelo Rebelo de Sousa fez-se acompanhar da presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI), Sílvia Alves, e de uma equipa do projeto “Famílias Seguras”, desenvolvido em parceria pela ANCI e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, para rastreio à Covid-19 aos cuidadores informais e pessoas cuidadas.
Durante a visita, ouviu várias preocupações de quem tem de abdicar de muito da sua vida para tratar de um familiar e que se agravaram com a pandemia de Covid-19.
De acordo com dados divulgados pela ANCI em fevereiro, o número de cuidadores informais em Portugal aumentou de 857 mil para cerca de 1,5 milhões desde o início da pandemia sendo que 240 mil são cuidadores a tempo inteiro.
Numa audição no Parlamento, Liliana Gonçalves, da ANCI, referiu ainda que, dos 30 milhões de euros orçamentados para os projetos-piloto apenas 300 mil tinham sido executados – “ou seja, 1%”, afirmou.
“Pelo que nos foi dado a conhecer [pela Segurança Social], cerca de 30.500 pessoas pediram o reconhecimento do estatuto, mas apenas foram diferidos 1.131 pedidos, 890 fora e 410 nos concelhos piloto. E só 205 com direito a subsídio. Se pensarmos que o universo antes da pandemia se situa em 857 mil cuidadores, vemos que estamos longe de alcançar o objetivo de transformar o estatuto numa lei para todos”, alertou.