Os trabalhadores da rádio TSF aprovaram a realização de uma greve de 24 horas, no dia 20 de setembro.
A decisão foi tomada, por unanimidade, num plenário realizado esta segunda-feira.
Os trabalhadores da TSF decidiram partir para a greve na sequência de o que consideram ser “um padrão de desrespeito” por parte da administração da Global Media Group, que culminou com a substituição do diretor da rádio, Domingos de Andrade.
"Depois de uma diminuição contínua dos recursos da Rádio por responsabilidade de várias administrações, constata-se que também o atual Conselho de Administração (CA) não cumpriu os compromissos que assumiu, seja em relação ao investimento, seja pela não aplicação da proposta de ajustes salariais e do aumento do subsídio de refeição retroativo a janeiro de 2023", referem os trabalhadores, em comunicado.
O plenário da TSF "repudia a falta de resposta da Administração" relativamente ao processo de negociação e sublinha que, "nos últimos meses, ocorreram casos de atraso no pagamento de salários, situações inadmissíveis agravadas, no caso do último mês, pela total ausência de aviso prévio ou justificação por parte da administração".
Comunicado do plenário de trabalhadores da TSF (na íntegra)
O plenário de trabalhadores da TSF reuniu a 11 de setembro de 2023 para analisar a situação que, de forma unânime, considera ser de reiterado "desrespeito" pelos profissionais dos vários setores da rádio, por parte da Administração da Global Media Group, culminando, na semana passada, com o afastamento do Diretor da TSF.
Depois de uma diminuição contínua dos recursos da Rádio por responsabilidade de várias administrações, constata-se que também o atual Conselho de Administração (CA) não cumpriu os compromissos que assumiu, seja em relação ao investimento, seja pela não aplicação da proposta de ajustes salariais e do aumento do subsídio de refeição retroativo a janeiro de 2023.
Recorde-se que tal proposta, apresentada em junho e "não rejeitada" pelos trabalhadores da TSF, pressupunha a continuação do diálogo negocial relativamente ao ano de 2024. Ora, no último trimestre de 2023, a proposta permanece num limbo tendo ficado sem resposta as diligências efetuadas pelo Sindicato dos Jornalistas e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual, no sentido de saber quando vai ser aplicada a proposta. O plenário de trabalhadores da TSF repudia a falta de resposta da Administração relativamente a este processo de negociação.
Acresce que nos últimos meses, ocorreram casos de atraso no pagamento de salários, situações inadmissíveis agravadas, no caso do último mês, pela total ausência de aviso prévio ou justificação por parte da administração.
Este padrão de desrespeito pelos trabalhadores ganhou novos contornos com o anúncio da destituição do atual diretor da TSF e nomeação de um novo nome sem que fosse ouvido o Conselho de Redação da TSF.
O plenário de trabalhadores da TSF não compreende e estranha a correlação que é feita no comunicado datado de 11 de Setembro, onde se justificam as mudanças na gestão de topo do Grupo com a “opção estratégica, nomeadamente a de extinguir todas as situações executivas onde exista duplicação de funções.” Como informou a própria Administração, em comunicado datado de 8 de setembro, Domingos de Andrade cessou funções no CA e, com a extinção do cargo de e Diretor-Geral Editorial da Global Media Group (GMG), não se compreende onde existe duplicação de funções executivas.
Mais ainda se sublinha que a TSF, como admite a nota interna da Administração, surge como a exceção dentro da GMG, já que “todas as direções editoriais das diferentes marcas e títulos se manterão.”
A estranheza adensa-se quando a Administração avança com esta substituição, no momento em que afirma querer promover “um processo de consulta, reflexão e análise, extensível a todas as áreas do grupo, e que será um passo fundamental para a elaboração e conclusão do Plano Estratégico Global.”
Há três anos, em entrevista ao jornal Público, o Presidente do Conselho de Administração da Global Media Group manifestava a intenção de fazer com que a TSF “volte a ser abrangente, que seja a rádio do país inteiro, da credibilidade, da transparência, que discuta tudo, não tenha medo, se é de esquerda, direita, ao centro, independência total.” Foi com esse objetivo que escolheu a atual Direção da TSF. O plenário dos trabalhadores da TSF questiona-se sobre se esta ambição foi alterada e alerta para os prejuízos de uma alteração na estrutura, no momento em que a Rádio deveria estar focada nos desafios de um novo ciclo.
O plenário de trabalhadores da TSF reitera a total confiança e solidariedade na atual Direção e, em especial, no Diretor Domingos de Andrade que, desde que assumiu funções, tem mantido um escrupuloso respeito pela autonomia e pela liberdade editorial da redação, privilegiando, acima de quaisquer outros, o valor da notícia, de acordo com os princípios éticos do Código Deontológico.
De referir ainda o papel determinante do Diretor Domingos de Andrade na mudança de instalações do Centro de Produção do Porto, decisivo para a TSF, com o menor impacto possível no funcionamento da rádio, numa altura em que a Administração não avançou com qualquer solução para essa mudança.
Num período de grandes desafios, onde aos efeitos da crise pandémica se somaram as consequências da guerra e do aumento da inflação, agravando as condições já difíceis para o meio Rádio, o atual Diretor da TSF pugnou pela melhoria de condições de trabalho da TSF e pela criação de meios para assegurar a sustentabilidade sem alienar o bem mais precioso desta marca que, há 35 anos, é sinónimo de independência, imparcialidade e confiança. Sublinha-se ainda, como marca da atual Direção, a defesa intransigente das competências do Conselho de Redação fixadas na Lei.
Pelas razões acima apresentadas, o plenário de trabalhadores da TSF aprovou, por unanimidade, a realização de uma greve de 24 horas, no dia 20 de setembro.
Os trabalhadores da TSF