Quase mil lares de idosos foram encerrados em nove anos. Destes, 155 foram fechados de urgência pela Segurança Social, que participou quase 300 crimes de desobediência ao Ministério Público. A maioria destes lares não tinha licença.
Segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Jornal de Notícias, que cita o Instituto da Segurança Social, só desde o início do ano e até ao final de outubro, 81 lares foram encerrados, dos quais 77 funcionavam de forma irregular.
Para o presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), padre Lino Maia, o encerramento de lares clandestinos ou sem licença é fruto da falta de respostas.
Em declarações à Renascença, Lino Maia afirma que nos lares de Instituições de solidariedade “há sempre listas de espera significativas” e na sua opinião a ausência de respostas ajuda a promover o aparecimento de lares clandestinos.
“Nós temos, normalmente, nos lares das IPSS, que esses são legalizados e funcionam bem, listas de espera muito significativas e as pessoas, pressionadas porque não conseguem acesso a um lar legalizado ou a um lar de uma IPSS, acabam por recorrer a esses lares”, explica.
"Isso também favorece um bocado um certo comércio, um certo mercado."
“Como não há respostas suficientes em lares legalizados, há sempre pessoas que vão experimentando abrir lares para acolherem essas pessoas”, sinaliza.
Para o presidente da CNIS, o facto de quase mil lares de idosos terem fechados nos últimos nove anos é resultado da fiscalização. Na visão do padre Lino Maia “é preciso criar mais lares no sector social solidário” e reconhecer “a proteção social como um direito universal”.
"Nós temos enfiado a cabeça na areia, porque é evidente que o ideal seria que as pessoas se mantivessem em suas casas, entre as paredes que ergueram e os efeitos que solidificaram, mas nem sempre isso é possível, até porque muitas vezes estas pessoas mais dependentes, diminuídas já nas suas faculdades, acabam por não ter uma retaguarda de apoio e, portanto, nós precisamos de bastantes mais lares para estas pessoas."
“É preciso encarar a proteção social como um direito universal e, portanto, não enfiarmos a cabeça na areia e criarmos, de facto, respostas suficientes para as necessidades”, remata o presdiente da CNIS.