O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta sedgunda-feira em Maputo que está a ser feito um esforço pela paz em Moçambique que deve merecer um apoio global, que junte a comunidade internacional e investidores.
"É um país que fez um grande esforço de pacificação com o acordo entre Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder] e Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], que está a fazer um grande esforço hoje mesmo com o arranque da nova Assembleia [da República] e depois de amanhã com a posse do Presidente. Um esforço que a comunidade internacional deve apoiar", referiu Marcelo.
Um apoio que considera justificado, porque "é importante que haja paz, desenvolvimento, diálogo, que haja investimento", referiu.
Durante a sua última visita a Moçambique, há quatro anos, a comunidade internacional tinha suspendido os apoios diretos ao Orçamento de Estado moçambicano devido à descoberta das dívidas ocultas de 2,2 mil milhões de dólares.
A situação evoluiu e muitas portas já se reabriram ao país lusófono, mas não tantas como Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de ver, sobretudo por parte de capitais dispostos a investir no país.
O Presidente português diz mesmo que o investimento é a melhor forma de travar a instabilidade militar que ainda se vive no Norte do país, onde ataques armados por parte de grupos criados a partir de atritos entre comunidades islâmicas já fizeram mais de 300 mortos nos últimos dois anos.
"A única maneira de travar aquilo que pode ser considerado como uma perturbação anómala, excecional, da estabilidade política, é contrapor a isso desenvolvimento", destacou.
Os focos de violência armada quer persistem não devem travar os investidores, acrescentou, apelando aos empresários que ainda tenham dúvidas, que as dissipem e invistam no país.
"É importante que o investimento não fique só em parte de Moçambique, mas esteja por todo o país", disse.
Moçambique ainda tem muito "para percorrer", reconheceu, mas Marcelo já escuta o toque de chamada para investidores "que durante muito tempo esperaram para ver a pacificação e a entrada num novo ciclo".
"Devem ponderar agora seriamente sobre a necessidade de avançarem e investirem", resumiu, numa altura em que se tenta consolidar o terceiro acordo de paz do país, entre Governo e Renamo, assinado a 6 de agosto.
Portugal faz parte dos veteranos de investimento em Moçambique, com o chefe de Estado a destacar as apostas nos domínios do turismo, infraestruturas, energias, comércio e banca, onde mais de metade do mercado está nas mãos de marcas detidas por bancos portugueses.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas nos bastidores de um balcão de pastéis de nata da renovada livraria Minerva, que se juntou à histórica pastelaria Continental.
"Eu passava a vida na Minerva", disse, recordando os dias de juventude que viveu em Maputo.
Na altura, "era apenas papelaria e livraria. Agora é esta maravilha com pastéis de nata ótimos", feitos pelo mestre pasteleiro Pedro Santos, de Seia, mas que há 20 anos trocou a Serra da Estrela, pela costa do Índico.
Foi o local escolhido por Marcelo para terminar um passeio que lhe ocupou a manhã, pela baixa de Maputo.
Antes já tinha comprado caju, especiarias e fruta no mercado central e cortado o cabelo num barbeiro ali perto, para espanto dos moçambicanos que se apercebiam estar lado a lado com o Presidente da República de Portugal.