Só o PS no Governo e nas autarquias garante que as ameaças populistas e xenófobas que muito nos ameaçam e com quem alguns querem colaborar não chegam ao lugar central da nossa democracia e ficam onde deviam estar” – foi assim, sem referências diretas ao PSD e ao Chega, mas com tudo isso subentendido, que Mariana Vieira da Silva, ministra de Estado e da Presidência, marcou o seu discurso no congresso do PS.
Mariana Vieira da Silva, que neste momento é também a chefe de Governo em exercício, tomou a palavra como representante e autora da moção de estratégia global de António Costa e foi, nessa qualidade, a primeira dos quatro eventuais candidatos de futuro à liderança do PS a falar ao congresso,
Nessa qualidade de porta-voz da moção do líder, fez um discurso de grande responsabilização dos autarcas pelo futuro, incluindo nessa recusa das “ameaças populistas e xenófobas”. Recorde-se que Rui Rio, o presidente do PSD, recusou alianças pré-eleitorais autárquicas com o Chega, mas fez um acordo nos Açores. E, em entrevista à Renascença, o presidente dos autarcas sociais-democrastas, Hélder Silva, defendeu que devem ser possíveis alianças autárquicas pós-eleitorais com o partido liderado por André Ventura.
Para além de dizer que só o PS pode afastar o populismo e a xenofobia do poder, Mariana Silva da Silva defende que só os socialistas são “tolerantes com as diferenças” e têm condições para liderar a construção do futuro. “O PS é o único partido que não está preso ao passado, que tem condições para um diálogo construtivo com todos os setores da sociedade”, afirmou a ministra, que também colocou nos candidatos autárquicos do PS a responsabilidade por essa construção de um Portugal moderno e tolerante.
“Os candidatos autárquicos do PS são os únicos que estão em condições para prosseguir esta agenda de modernidade”, disse Mariana Vieira da Silva, que também atribuiu aos autarcas um importante papel no acolhimento de refugiados afegãos.
Apesar dessa responsabilização dos autarcas, Mariana Vieira da Silva continuou a remeter para 2024 o lançamento do debate sobre a regionalização. Isto apesar de várias vozes já terem chegado ao microfone a pedir que esse processo seja acelerado. Foi o caso do presidente dos autarcas do PS, Rui Santos, que já tinha defendido o mesmo em entrevista à Renascença.
O mesmo pediu a autarca de Portimao, Isilda Gomes, e o presidente da Federação do PS, Luís Graça, que aliás associou o processo de regionalização à manutenção de António Costa na liderança do PS. “Se é em 2024, então em 2023 António Costa terá de suceder a António Costa”, disse Luis Graça no seu discurso ao congresso. Recorde-se que António Costa disse, em entrevista ao Expresso, que só em 2023 decide se se recandidata a secretário-geral do PS.