O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, reuniu-se hoje em Lisboa com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores, tendo debatido a criação de um novo organismo para o acompanhamento de vítimas.
“Temos a experiência do que foi a constituição da Comissão Independente e sabemos o que queremos, muito claramente: tem de ser um grupo que tenha credibilidade perante as vítimas, e, por isso, tenha uma capacidade autónoma de apresentação de projetos e de acompanhamento das vítimas”, disse à Agência ECCLESIA.
O bispo de Leiria-Fátima adiantou que esse novo organismo visa dar continuidade ao trabalho de escuta das vítimas e recolha de eventuais denúncias de abusos sexuais de menores, como a CEP anunciou a 3 de março, após a Assembleia Plenária Extraordinária, em Fátima.
D. José Ornelas explicou que o novo grupo “é diferente” da Comissão Independente criada em 2021, sob a presidência do pedopsiquiatra Pedro Strecht, que foi de estudo, passando a ter “um caráter operativo e um caráter de articulação”.
A Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, da Igreja Católica, esteve reunida na sede da CEP, em Lisboa.
D. José Ornelas assinalou que a Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, que apresentou o seu relatório final a 13 de fevereiro, foi uma iniciativa “importantíssima”, da qual os bispos vão “tirar as consequências”, passando do nível do estudo “ao nível operativo, das decisões, e das atitudes”.
“A equipa de Coordenação Nacional, aliada também às Comissões Diocesanas, assume um papel novo, a própria ação da equipa e das comissões tem de ser repensada à luz da realidade que conhecemos agora melhor. Tem de ter em conta a mobilização que foi feita para se encontrarem caminhos novos, de formação, de prevenção, de acompanhamento de vítimas e também de transformação daquilo que somos, como Igreja”, acrescentou.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinha que a Igreja não está a “começar agora este trabalho”, assumindo a intenção de “encontrar e construir todos juntos na Igreja, nas diversas instituições, e em diálogo com outras instituições que se preocupam com este problema”.
“Vamos construir uma Igreja e um mundo melhor”, salientou D. José Ornelas.