Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado dos Transportes do Governo de Passos Coelho, defendeu esta sexta-feira à tarde, no Parlamento, que a injeção de capital público na TAP implicava “dor” e que era crítico privatizar a companhia aérea.
O gestor referiu aos deputados da comissão parlamentar de Economia que, na altura, a situação financeira da TAP era frágil e que devia muito dinheiro.
“A TAP tinha uma situação crónica de subcapitalização por ser pública. E pelas regras europeias, não era permitido o investidor público injetar capital sem dor, tal como os portugueses e os trabalhadores da TAP bem compreendem hoje que uma injeção pública veio com dores, com dinheiro e com cortes nos salários e na redução das condições de vida. Daí que era crítico privatizar”, referiu Sérgio Monteiro.
O ex-secretário de Estado dos Transportes, Infraestruturas e Comunicações defendeu ainda, a propósito do processo de privatização da TAP, que “nunca é altura de brincar com o dinheiro dos portugueses”, assinalando a urgência no início do processo.
“Não queríamos envolver dinheiro público, quando tínhamos acabado de sair de um memorando de entendimento. Nunca é altura de brincar com o dinheiro dos portugueses. Uma injeção de fundos públicos estava fora de questão”, apontou Sérgio Monteiro, na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Questionado pelo Partido Socialista, que pediu esta audição, sobre o momento da privatização no Governo de Passos Coelho que durou menos de um mês, Sérgio Monteiro explicou que a privatização estava decidida desde junho, mas só foi concluída em novembro.
“Quando se assina um contrato, há um conjunto de condições que têm de ser verificadas. Era bom que tivéssemos concluído em agosto ou setembro, e se fosse em junho, ainda melhor. Mas, na verdade, só houve condições na proteção do interesse público para ratificar o contrato no dia 12 de novembro de 2015. A privatização e a decisão eram de junho de 2015”, frisou Sérgio Monteiro.
O antigo secretário de Estado dos Transportes, que integrava o Ministério da Economia com a tutela da TAP, garantiu ainda que no Governo de Passos Coelho todos falavam a uma só voz, e que não havia bufos nem na tutela financeira nem na tutela sectorial.
“A relação com a tutela financeira não era uma relação de bufos, era de equipa. As equipas que trabalham, mas cada um assumia as suas responsabilidades, não são bufos. Eu e a secretária de Estado do Tesouro trabalhávamos todos os dias. A situação do país era tão difícil que nós estávamos de facto perfeitamente alinhados. Falávamos todos os dias a uma só voz”, lembrou Sérgio Monteiro.