A Comissão de Investigação da ONU para os Territórios Palestinianos Ocupados indicou esta segunda-feira que começou a recolher provas sobre crimes de guerra cometidos pelo Hamas, por outros grupos armados palestinianos e pelas forças de segurança israelitas, desde 07 de outubro.
"As atrocidades que testemunhamos desde aquele dia [quando o Hamas atacou Israel] acrescentam uma urgência sem precedentes às nossas conclusões e recomendações", disse em comunicado a presidente da Comissão, Navy Pillay, que foi alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos entre 2008 e 2014.
A jurista sul-africana acrescentou que, à luz dos acontecimentos recentes, "os civis e as instalações civis devem ser sempre protegidos, nunca são um alvo legítimo e todas as partes devem cumprir a sua obrigação de protegê-los de acordo com o direito humanitário internacional".
UE deve focar-se na situação humanitária
Também hoje, a presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, afirmou que a atenção europeia deve continuar a centrar-se na libertação dos reféns capturados pelo grupo islamita Hamas e na ajuda humanitária à população civil de Gaza.
"A nossa atenção deve continuar a centrar-se em garantir que os reféns raptados sejam libertados incondicionalmente, que a ajuda humanitária chegue aos necessitados, que os civis não sejam visados, que os corredores de segurança sejam mantidos e que continuemos a colaborar com os representantes legítimos do povo palestiniano e com os intervenientes regionais para evitar uma escalada das tensões na região e nas zonas vizinhas", sublinhou Metsola, na abertura da sessão plenária do PE, que hoje tem início em Estrasburgo, França.
A propósito da sua visita a Israel, na semana passada, a líder do PE referiu ter sido "uma das coisas mais duras" que fez no exercício do seu mandato, salientando que nunca esquecerá o horror que testemunhou após ter visto "as profundezas incompreensíveis e indesculpáveis em que o homem se afundou".
"Temos de continuar a procurar algumas soluções para as consequências da crise humanitária em Gaza, em linha com as nossas obrigações e a lei internacional", referiu também.
O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.
Israel subiu hoje para 199 o número de pessoas capturadas pelo grupo islamita Hamas durante o ataque de 07 de outubro, mais 44 do que o balanço anterior.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está "em guerra" com o Hamas.
Telavive tem vindo a reunir tropas junto ao território da Faixa de Gaza, em preparação para uma provável ofensiva contra o Hamas.
Segundo os relatos das agências internacionais, os palestinianos da Faixa de Gaza aglomeraram-se hoje em hospitais e escolas, à procura de abrigo e com pouca comida e água.
Mais de um milhão de pessoas terá fugido até ao momento das respetivas casas antes de uma esperada ofensiva terrestre israelita naquele enclave controlado pelo Hamas desde 2007.