As exportações do calçado português caíram 5% no segundo trimestre deste ano. Desde 2009 que o setor não registava uma queda.
O porta-voz da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos ( APICCAPS), Paulo Gonçalves, diz que esta é uma situação atípica e deve-se, sobretudo, ao clima alterado que se fez sentir nas últimas estações: “Na verdade, as últimas três estações foram completamente atípicas e os retalhistas não conseguiram vender, naturalmente, botas no verão e sandálias no inverno.
"O setor do retalho foi bastante fustigado no último ano e meio”, aponta o porta-voz, em declarações à Renascença.
Uma análise aos números do primeiro trimestre mostra que Portugal até exportou mais sapatos - 24,9 milhões de pares, contra os 24,3 milhões do período homólogo -, mas fê-lo a um preço médio substancialmente mais baixo: 20,32 euros, em oposição a 22 euros do ano passado.
Paulo Gonçalves nota que uma das vantagens - e, simultaneamente, inconveniente para o setor -prende-se com o facto de se concentrarem na Europa mais de 80% das vendas. Neste meses, foi precisamente na Europa que se registou esta queda no retalho.
A APICCAPS procura mercados estratégicos alternativos, com o objetivo de duplicar as exportações até 2020, atingindo os 160 milhões de euros: “Já começamos esta aposta no ano passado, mas estamos a reforçar muito mais em 2018. Estamos a realizar uma aposta sem precedentes nos mercados extracomunitários, em países como os EUA e o Japão, para que possamos encontrar mercados alternativas e para que o calçado português continue a crescer no estrangeiro:"
Têxtil sem grandes alterações
Na indústria têxtil e de vestuário (ITV), que se mantém praticamente estagnada, com exportações de 1.364 milhões de euros, menos 0,2% do que no ano ano passado, o comportamento é distinto nos vários subsetores. Os têxteis crescem 3% para 367 milhões de euros, os têxteis-lar mantêm-se nos 172 milhões (+0,2%) e o vestuário cai 1,7% para 825 milhões de euros. Espanha é o principal causador desta performance, já que pesa 30% nas exportações da ITV e caiu 7,9%. São menos 35 milhões de euros. O Reino Unido perdeu 7,4%, correspondentes a nove milhões de euros.
Também a Associação da Metalurgia e Metalomecânica, a AIMMAP, considera ser "prematuro" tirar conclusões com base no primeiro trimestre, embora a indústria campeã das exportações tenha tido uma performance excelente: cresceu 14% e atingiu os 4588 milhões de euros. França, Itália e Espanha foram os países com maior crescimento no trimestre.