Dez pessoas morreram e 140 ficaram feridas durante os protestos de segunda-feira contra o golpe militar no Sudão, anunciou esta terça-feira a Associação de Profissionais, que liderou em 2019 as manifestações que derrubaram o ditador Omar al-Bashir.
As mortes foram provocadas por tiros disparados pelo Exército das Forças de Apoio Rápido, uma antiga milícia acusada de crimes contra a humanidade em Darfur (a oeste), acrescentou a associação.
O presidente do Conselho Soberano sudanês, o mais alto órgão de poder no processo de transição do Sudão, general Abdel-Fattah al-Burhan, dissolveu na segunda-feira o Governo e o próprio conselho, horas depois de os militares prenderem o primeiro-ministro.
Al-Burhan leu uma declaração na televisão estatal sudanesa, na qual anunciou a instauração de um estado de emergência em todo o país entre um conjunto de nove pontos, que incluíram a dissolução do Governo e do Conselho Soberano, assim como a suspensão de vários artigos do documento constitucional que lançou as bases para a transição após o derrube de Omar al-Bashir em abril de 2019.
As manifestações de segunda-feira registaram-se em várias partes do Sudão, após a dissolução do principal órgão do processo de transição do país, e a detenção do primeiro-ministro, Abdullah Hamdok.
Nesse mesmo dia, o Ministério da Informação do já dissolvido Governo denunciou que os militares dispararam contra os manifestantes que rejeitaram o golpe militar perante o Comando Geral do Exército em Cartum.
Num primeiro balanço provisório, o Comité de Médicos relatou três mortes, mas agora a Associação dos Profissionais triplicou esse número.
O general Al-Burhan declarou , numa conferência de imprensa em Cartum, que o primeiro-ministro deposto está em sua casa, que "ninguém o raptou ou agrediu", e "quando a situação se acalmar e a paz prevalecer, ele voltará para casa".