Mais de um ano e meio após a entrada em vigor do programa “Chave na Mão”, que tinha por objetivo incentivar residentes de grandes centros urbanos a mudarem-se para municípios do interior, não houve uma única manifestação de interesse.
Em resposta a um pedido de informação feito pelo “Jornal de Notícias” o Instituto de Habilitação e Reabilitação Urbana (IHRU) justifica a falta de adesão ao programa com o contexto pandémico, já que a medida só entrou em vigor a 23 de abril de 2020, “no período mais premente de confinamento por causa da pandemia, o que poderá justificar que ainda não tenham sido recebidos pedidos no âmbito deste programa”, lê-se.
O mesmo jornal ouviu ainda alguns autarcas de municípios do interior que embora reconheçam méritos ao programa, lamentam a demora na sua regulamentação, que demorou cerca de dois anos a sair do papel.
“Falta sempre alguma coisa. O Chave na Mão é uma boa intenção. Fazem-se boas políticas para o interior e, depois, demoram muito tempo a serem concretizadas”, diz o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga.
Os autarcas lamentam ainda que mais portugueses não aproveitem a valorização do teletrabalho, que permite viver num local com custo de vida mais baixo e potencialmente melhor qualidade de vida, mantendo o trabalho para a empresa sedeada num grande centro urbano.
O programa “Chave na Mão” destina-se a residentes de grandes centros urbanos que tenham casa própria. O IHRU compromete-se a pagar uma renda pela habitação, que passa a integrar um dos programas de arrendamento acessível que existem nas grandes cidades.
O proprietário mantém a posse do imóvel e recebe por ele uma renda que deve permitir cobrir os custos de vida num dos 165 concelhos de baixa densidade populacional do continente.