Netanyahu insiste e vai manter a ocupação do Corredor de Filadélfia
02-09-2024 - 18:59
 • Fátima Casanova Lusa

Netanyahu disse que só assim é possível cortar o fornecimento de armas e de combustível ao Hamas e pediu perdão às famílias de seis reféns encontrados mortos na Faixa de Gaza nos últimos dias.

O primeiro-ministro israelita discursou esta tarde ao país, em dia de greve geral, mas sem mudar uma linha do que tem dito nos últimos dias. Benjamim Netanyahu insistiu em manter a ocupação do Corredor de Filadélfia, uma zona tampão desmilitarizada de 14 km de comprimento e 100 metros de largura, que se estende ao longo de toda a fronteira entre o Egito e Gaza.

Netanyahu disse que só assim é possível cortar o fornecimento de armas e de combustível ao Hamas. Este é um dos obstáculos para assinar um acordo de cessar-fogo com a organização Islâmica e que permita libertar reféns.

O primeiro-ministro israelita voltou a garantir que o Hamas vai “pagar um preço muito grande” e prometeu acabar com a organização Islâmica na Faixa de Gaza.

Por outro lado, Netanyahu admitiu a dificuldade em resgatar os reféns israelitas, que desde 7 de outubro estão nas mãos do Hamas, e pediu desculpa pelo facto.

Netanyahu pede "perdão" a famílias de reféns mortos

Benjamin Netanyahu pediu esta segunda-feira perdão às famílias de seis reféns encontrados mortos na Faixa de Gaza e sepultados em Israel nos últimos dias.

"Peço perdão por não os ter trazido de volta vivos. Estivemos perto, mas não tivemos sucesso", afirmou Netanyahu numa rara conferência de imprensa, dirigindo-se às famílias dos reféns que estavam em posse do movimento islamita palestiniano Hamas desde 7 de outubro de 2023.

O chefe do Governo israelita acrescentou que o Hamas "pagará um preço muito alto", num momento em que as negociações entre as duas partes em conflito, mediadas por Egito, Qatar e Estados Unidos, se mantêm num impasse.

Segundo Netanyahu, os seis reféns encontrados mortos num túnel na Faixa de Gaza foram executados pelo Hamas com um tiro na nuca.

"Estes assassinos executaram seis dos nossos reféns, disparando-lhes na nuca", relatou, após o Ministério da Saúde israelita ter indicado no domingo que tinham sido mortos "à queima-roupa".

O Corredor de Filadéfia constitui um ponto de bloqueio nas negociações para um acordo de cessar-fogo associado à libertação de reféns em posse do Hamas.

"O controlo do Corredor de Filadélfia garante que os reféns não serão contrabandeados para fora de Gaza", afirmou Netanyahu, que argumentou que o controlo deste eixo é uma "questão existencial" para Israel.

Para o líder israelita, o assassínio de reféns não ocorre por causa da sua decisão sobre este corredor, "mas por causa do próprio Hamas".

No funeral do refém israelo-americano Hersh Goldberg-Polin, o Presidente israelita, Isaac Herzog, também pediu desculpa por não o ter trazido vivo para o seu país e, tal como o pai do jovem, pediu a devolução imediata das pessoas que continuam em cativeiro na Faixa de Gaza.

"Hersh, peço desculpa em nome do Estado de Israel por não o ter devolvido em segurança, por não o ter protegido", disse Herzog num discurso que proferiu aos participantes em hebraico e inglês.

Ao longo de uma greve geral convocada para esta segunda-feira, familiares de reféns de cidadãos bloquearam estradas e cruzamentos de forma intermitente, em protesto contra a ausência de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, mantendo a pressão sobre Netanyahu, a par de alguns dos seus principais aliados.

O Governo dos Estados Unidos insiste na necessidade de um acordo e deverá apresentar um plano de cessar-fogo final a Israel e ao Hamas nas próximas semanas, segundo meios de comunicação como o Washington Post.

[Notícia atualizada às 20h57]